Título: Brasileiro é achado morto em Maputo
Autor: Prates, Maria Clara; Mello, Alessandra
Fonte: Correio Braziliense, 27/11/2011, Brasil, p. 13
Macelo Elísio de Andrade era diretor de construtora ligada ao Grupo Andrade Gutierrez com obras no Norte de Moçambique
» » O engenheiro Marcelo Elísio de Andrade, de 52 anos, diretor da Zagope Construções e Engenharia S.A., uma empresa do Grupo Andrade Gutierrez, foi encontrado morto na manhã de ontem na casa em que vivia em Maputo, capital de Moçambique. O corpo de Andrade estava caído na cozinha e foi achado por um segurança da casa vizinha. No local, foi apreendido pela polícia um boné do guarda da casa do engenheiro que estava manchado de sangue, segundo informações do jornal A Verdade, de Maputo.
A polícia moçambicana confirmou a morte, mas se recusou a dar qualquer informação sobre o caso. Disse apenas que irá se pronunciar oficialmente amanhã. Testemunhas citadas pelo jornal A Verdade, no entanto, informaram que Andrade chegou a sua casa, na rua Tenente General Osvaldo Tamzama, bairro Somerchielt II, na noite de sexta-feira, com dois homens que eram vistos frequentemente em companhia do diretor. As testemunhas informaram que eles deixaram a residência horas depois. A polícia de Maputo, segundo o jornal A Verdade, não permitiu que a imprensa tivesse acesso ao interior da residência. O bairro Somerchiet II tem casas que estão entre as mais caras de Maputo e fica perto da praia da Costa do Sol.
Confirmação O Grupo Andrade Gutierrez confirmou a morte do diretor, mas disse não ter detalhes sobre o que aconteceu. Pedro Rico, um dos diretores do grupo em Portugal, embarcou ontem à tarde para Moçambique. "Ficamos sabendo que ele foi achado morto. Só isso. Não temos detalhes de nada. Só amanhã (hoje) é que teremos mais informações sobre o que aconteceu", disse Pedro Rico, pouco antes de viajar. Segundo ele, a família do engenheiro se revezava entre Moçambique e Brasil. Nos últimos dias, ele estava sozinho. O Grupo Andrade Gutierrez informou que deve divulgar uma nota hoje sobre a morte do engenheiro.
Até o início da noite de ontem, o secretário de plantão do Ministério das Relações Exteriores, Eduardo da Rocha, disse não ter recebido qualquer informação sobre a morte de Andrade. Na Embaixada do Brasil em Maputo, os funcionários de plantão também desconheciam o crime. Esse desconhecimento do caso chocou a parentes e amigos do diretor.
Adquirida pelo Grupo Andrade Gutierrez em 1988, a Zagope é uma empresa especializada em obras públicas e atua na Europa, África, Ásia e Oriente Médio. Atualmente, a principal empreitada da empresa Zagope, especializada em obras públicas, naquele país era a reabilitação do Aeroporto Internacional de Nacala, principal cidade do norte do país.
Não é o primeiro caso neste ano de morte de profissionais brasileiros que trabalham em obras no exterior. Em julho, o engenheiro mineiro Mário Bittencourt e o geólogo paulista Mário Guedes, da Leme Engenharia, morreram no Peru quando levantavam informações para a construção de uma usina. A suspeita de assassinato por envenenamento não foi confirmada, pois os exames realizados no país e no Brasil foram inconclusivos.