O Estado de São Paulo, n. 44993, 24/12/2016. Política, p. A7

Ex-ministro de Dilma vai disputar Câmara

Figueiredo, do PDT, é o 1º nome da oposição na eleição parlamentar, o que pode atrapalhar projeto de reeleição de Maia; PT vê iniciativa como ‘positiva’
Por: Isabela Bonfim Daiene Cardoso

 

Isabela Bonfim

Daiene Cardoso / BRASÍLIA

Ex-ministro das Comunicações do governo Dilma Rousseff, o deputado André Figueiredo (PDT-CE) vai disputar a presidência da Câmara. Ele confirmou sua candidatura em entrevista ao Estado e disse que ainda costura apoios, especialmente com partidos da oposição. O anúncio embola a eleição e pode tirar votos do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

“Ainda existe um processo em construção, dentro de um projeto que extrapole os limites do PDT, mas, sim, eu sou candidato”, afirmou Figueiredo. A bancada do PDT, com 20 parlamentares, vai se reunir em janeiro e Figueiredo deve oficializar a candidatura no próximo dia 17.

O deputado busca apoio em seu próprio partido, PT, PCdoB, PSOL e Rede, além do PSB, partido da base do governo Michel Temer que tem ameaçado atuar de forma mais independente.

A candidatura pode deixar a disputa mais acirrada e prejudicar Maia.

Na última eleição para o mandato- tampão em substituição ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o apoio da oposição foi decisivo para a vitória de Maia sobre o candidato do Centrão, Rogério Rosso (PSD-DF). Maia cresceu ao se aliar com PT e PCdoB.

Figueiredo admitiu que as negociações ainda estão em fase inicial e apenas teve conversas por telefone com os demais líderes partidários, mas disse que a ideia foi bem recebida.

O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), avaliou de forma positiva ter na disputa um nome que não seja da base do governo. “É importante ter uma candidatura comprometida com a democracia e o direito dos trabalhadores, que estão sendo atacados por Michel Temer”, afirmou.

Florence recebeu um telefone de Figueiredo na tarde de ontem, quando estava na Bahia, e alegou não ter tido tempo de consultar a bancada ainda. Ele disse que os deputados devem se reunir na primeira semana de janeiro. Segundo o petista, o partido tem simpatia pela candidatura, mas não uma posição final.

União. O líder do PCdoB, Orlando Silva (SP), um dos principais articuladores do acordo entre DEM e oposição para eleger Maia, afirmou que o partido vai anunciar posição no dia 21.

Questionado sobre a relevância de um nome de oposição na disputa, Silva afirmou que o momento exige mais união do Parlamento.

“Penso que marcar posição é pouco. A hora é de discutir uma agenda na qual o Parlamento volte a ter relevância. A Câmara dos Deputados deve se voltar para medidas que sirvam para a retomada do desenvolvimento”, disse Silva.