Título: Inquéritos em curso
Autor: Filizola, Paula
Fonte: Correio Braziliense, 27/11/2011, Política, p. 6/7

A faxina promovida pela presidente Dilma Rousseff, com a queda de cinco ministros acusados de envolvimento em denúncias de corrupção, tem tirado o sonho dos titulares das pastas na Esplanada. O julgamento político feito pelo Palácio do Planalto afastou Antonio Palocci (Casa Civil), Orlando Silva (Esporte), Wagner Rossi (Agricultura), Alfredo Nascimento (Transporte) e Pedro Novais (Turismo). Desses, apenas Novais está livre de investigações posteriores. Todos os outros quatro estão sob análise da Polícia Federal, do Ministério Público ou do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Toda vez que um ministro deixa o cargo, o Código de Ética Pública exige um período de quarentena de quatro meses para que eles possam voltar a exercer alguma outra função. No caso dos afastados por Dilma, a discrição é ainda maior. O ex-todo-poderoso Antonio Palocci, por exemplo, depois de deixar a Casa Civil por não conseguir explicar como aumentou em 20 vezes o próprio patrimônio em apenas quatro anos, disse a interlocutores que não pretende mais candidatar-se a cargos eletivos, mas deverá ser procurado por petistas em 2012, em busca de contatos com empresários e financiadores de campanha. Palocci, que foi inocentado pelo Supremo Tribunal de Federal, em 2010, da acusação de ter sido o mandante da quebra do sigilo do caseiro Francenildo Santos Costa, está sendo investigado agora por improbidade administrativa.

Ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento deixou a pasta sob suspeitas de irregularidades. Reassumiu o cargo de senador pelo Amazonas. Também voltou a ser presidente do PR, cargo que era exercido interinamente pelo deputado Valdemar Costa Neto (SP). Quando saiu do ministério, fez um discurso duro no Senado, dizendo não aceitar que o partido fosse "varrido para debaixo do tapete". Agora, aguarda a Superintendência da Polícia Federal em Brasília concluir investigação sobre superfaturamento e aditivos irregulares na pasta.

O peemedebista Wagner Rossi resistia às denúncias de irregularidades na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) até o Correio mostrar que ele utilizara jatinho da empresa Ourofino, dona de contratos com o Ministério da Agricultura. Alegou estar sofrendo com os ataques e deixou o cargo.

Retornou a Ribeirão Preto (SP) e dedica-se ao agronegócio. A tranquilidade, contudo, está longe de ter virado realidade: agora, terá de se explicar perante a Polícia Federal, que o apontou "como líder de uma organização criminosa", e a sindicância interna aberta pelo próprio ministério que comandou no fim do governo Lula e início da gestão Dilma.

Orlando Silva esteve à frente do Esporte por sete anos. Sonhou comandar Olimpíadas e Copa do Mundo. Mas irregularidades nos convênios firmados com ONGs ligadas ao Programa Segundo Tempo e a possibilidade de abertura de investigação no STF abortaram os planos. Teve a quebra dos sigilos bancário e telefônico solicitada pelo STJ. Pretende ser candidato a vereador em São Paulo.