Título: BCs agem para evitar o pior
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Fonte: Correio Braziliense, 01/12/2011, Economia, p. 14

Seis bancos centrais intervêm para segurar o euro, impedir a quebra de instituições e conter a recessão

Bruxelas — Os bancos centrais de seis das principais economias do mundo — Europa, Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Canadá e Suíça — anunciaram ontem uma ação coordenada para injetar liquidez no sistema financeiro global e enfrentar a crise da Zona do Euro. A medida foi tomada após a Comissão Europeia ter advertido que a região possui apenas 10 dias para encontrar uma solução para salvar o euro, evitar a quebradeira do sistema financeiro e desviar o planeta da rota da recessão.

A decisão foi tomada diante da enorme restrição de crédito na Europa. Os bancos já não emprestam dinheiro entre si, temendo o calote, e não repassam recursos a empresas e a pessoas físicas, dificultando a produção e o consumo. Agora, com o acordo liderado pelo Federal Reserve (Fed), o BC dos EUA, e pelo Banco Central Europeu (BCE), os bancos centrais poderão destravar tais operações, ao garantir a troca de dólares por euros a uma taxa 0,5 ponto percentual menor que a cobrada nos mercados. Também serão facilitadas as transações em moedas locais. As medidas terão validade até fevereiro de 2013.

Apostando na capacidade dos BCs de reduzirem as incertezas que atormentam o mundo, os investidores deram um voto de confiança. Tanto que a cotação do euro disparou e passou a valer o equivalente a 1,35 dólar, preço máximo em sete semanas. "É crucial que reforcemos nossas salvaguardas financeiras para reduzir as turbulências", ressaltou o comissário de Assuntos Monetários da Comissão Europeia, Olli Rehn, durante a reunião dos ministros da Economia dos 27 países da União Europeia.

Reforço Os ministros reconheceram que o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef), usado pela Zona do Euro para resgatar a Irlanda, a Grécia e Portugal, é insuficiente para impedir o contágio da crise nas principais economias da região e acalmar os mercados, que, nas últimas semanas, castigaram duramente a Itália, terceira maior economia do bloco econômico. O Feef tem 440 bilhões de euros em caixa. A torcida é para que esse patrimônio seja elevado a 1 trilhão de euros, quantia ainda insuficiente para socorrer a Itália e a Espanha em caso de falência desses dois países.

O ministro belga, Didier Reynders, disse que, para reforçar o fundo de resgate europeu é necessário "realizar ações mais fortes, tanto por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI) quanto do BCE. Os países sabem que é preciso reforçar o Feef, mas falta consenso. Esperava-se que países emergentes, como China ou Brasil, tivessem interesse em participar do resgate da Zona do Euro por meio desse mecanismo financeiro. Mas também não houve acordo nesse sentido, embora tenham dito que dariam a ajuda necessária por meio do FMI. "As condições mudaram. Já não podemos falar de 1 trilhão de euros, e sim de um valor menor", reconheceu o chefe do Eurogrupo, Jean Claude Juncker.

Saldo de US$ 686 milhões

A despeito da forte retirada de recursos estrangeiros do país, tanto da bolsa de valores quanto do mercado de renda fixa, o saldo do fluxo de capitais se manteve positivo em novembro (até o dia 25) em US$ 686 milhões. O resultado decorreu do forte saldo comercial, de US$ 2,843 bilhões, que superou o deficit de US$ 2,157 bilhões na conta financeira.