O Estado de São Paulo, n. 45027, 27/01/2016. Política, p. A7

Defesa afirma que empresário vai se apresentar

 

Constança Rezende
Mariana Durão
 

O advogado Fernando Martins, que representa o empresário Eike Batista, disse que ele ficou surpreso com a decretação da sua prisão pela Justiça Federal no Rio.

Segundo o defensor, Eike pretende se apresentar, mas ainda não tem data nem local para fazê-lo. O advogado afirmou ao Estado que serão as autoridades que definirão as condições de apresentação de seu cliente.

“Ele está surpreso, uma vez que sempre esteve à disposição das autoridades, mas muito tranquilo, porque tem certeza que vai prestar todos os esclarecimentos necessários”, disse o advogado. “Ele vai se entregar e se colocar à disposição da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, como fez em outras oportunidades. Estou em contato com a PF e o MPF para combinar. Não tem ainda (data para se entregar). Não combinei ainda com a PF ou MPF onde ele se apresentará, mas será a critério desses órgãos.” Conforme Martins, Eike está em Nova York desde terça-feira.

A sua mulher, Flávia, e o filho caçula foram para o mesmo local anteontem. O empresário tem passaporte alemão e era considerado foragido. A Polícia Federal informou que já está em contato com a Interpol para tentar localizá-lo.

 

‘Pensão’. O advogado da ex-mulher de Cabral, Suzana Neves Cabral, disse que sua cliente não tem nenhum envolvimento com o esquema, assim como seu filho com o ex-governador, Marco Antônio Cabral.

Segundo o defensor Sérgio Riera, Suzana recebia pagamentos do ex-marido como “uma espécie de pensão”, mas não tinha ideia da origem desses recursos e nem que eram irregulares.

“Ela está tranquila, não tem nada a esconder e vai responder a todas as perguntas. Ela se surpreendeu porque não recebeu em nenhum momento intimação para prestar depoimento.

Curiosamente optaram pelo instrumento da condução coercitiva. Acho isso uma violência”, declarou o advogado. Para ela eram valores lícitos.

Os advogados de Cabral e de outros acusados, suspeitos ou conduzidos coercitivamente não responderam aos contatos da reportagem ou não foram localizados ontem pelo Estado até a conclusão desta edição.

 

Surpresa

“Ele está surpreso, uma vez que sempre esteve à disposição das autoridades, mas muito tranquilo, porque tem certeza que vai prestar todos os esclarecimentos necessários.”

Fernando Martins

ADVOGADO DE EIKE

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Entidade põe juiz em lista de nomes ao STF

 

Marcelo de Moraes

 

Responsável por autorizar a prisão do ex-governador Sérgio Cabral, em novembro passado, e do empresário Eike Batista, o juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, é um dos nomes em uma pré-lista da Associação dos Juízes do Brasil (Ajufe) com sugestões para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF).

A entidade da magistratura abriu uma consulta entre seus associados para formar uma lista tríplice a ser enviada ao presidente Michel Temer, a título de sugestão. O presidente vai indicar um nome para ocupar a cadeira deixada pelo ministro Teori Zavascki, morto na semana passada na queda de um avião.

Além de Bretas, a pré-lista tem outros 29 nomes. Entre eles, o do juiz federal Sérgio Moro, da 13ª. Vara Federal Criminal de Curitiba, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância. A relação será agora submetida aos membros da Ajufe, que votarão para escolher três nomes.

No início da próxima semana, a lista será definida com os três mais votados e a relação será apresentada pelo próprio presidente da Ajufe, Roberto Veloso, a Temer. Depois de Moro se destacar na Operação Lava Jato em Curitiba, Marcelo Bretas já vem chamando a atenção por sua atuação na parte das investigações no Rio.

Na prática, Temer não tem obrigação de aceitar qualquer indicação externa para a vaga.Mas o movimento da Ajufe tem peso político para influenciar a escolha.

 

Outros nomes. Além dos dois juízes relacionados à operações recentes, a pré-lista da Ajufe também inclui nomes como o do desembargador Fausto De Sanctis, do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3), que ganhou notoriedade durante a Operação Satiagraha.

Na época, em 2008, autorizou a prisão do empresário Daniel Dantas e comprou briga com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes que, por duas vezes, revogou o mandado de prisão.