O Estado de São Paulo, n. 45027, 27/01/2016. Política, p. A9

Para Renan, Moraes faria ‘valer as garantias’ no STF

 

Ricardo Brito

 

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou ontem que considera o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, é um “bom nome” para o Supremo Tribunal Federal, na vaga aberta após a morte do ministro Teori Zavascki. Questionado, Renan disse que o titular da Justiça contribuiria na Corte “para fazer valer as garantias”.

“Ele (Moraes) tem uma boa formação jurídica e sem dúvida nenhuma contribuiria na necessidade de formar um pensamento no Supremo que proteja a Constituição para fazer valer as garantias”, disse Renan em entrevista ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado.O ministro da Justiça já recebeu apoio público de líderes do PMDB, PR, DEM, PSDB e PTB.

A interlocutores, porém, o presidente Michel Temer tem dito que busca um nome sem liga- ção explícita com partidos políticos.Moraes é filiado ao PSDB.

Segundo Renan, o PMDB não tem ou terá candidato ao STF e a escolha é do presidente da República – “indelegável”.

Ele afirmou que a melhor maneira de contribuir para esse processo é aguardar a indicação de Temer e fazer uma rápida sabatina.

O nome escolhido pelo presidente terá de passar pelo crivo do Senado, primeiro pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e depois pelo plenário.

 

‘Esquisito’. Renan avaliou que o processo de escolha para o Supremo é “esquisito” e comparou a situação com a época da ditadura militar. Segundo ele, antigamente havia uma “guerra” para escolher um general de quatro estrelas e, agora, o STF vive um “momento indiscutível de protagonismo e de pretensões”.

A escolha do substituto de Teori Zavascki, que era o relator da Operação Lava Jato na Corte, foi um dos temas abordados em jantar promovido por Renan anteontem com a presença de Temer e integrantes da cúpula do governo e do PMDB.

Na entrevista, Renan disse que o assunto não foi abordado no jantar. Na ocasião, Temer, sem ter falado em nomes, disse que buscaria um nome com respaldo na opinião pública.

O peemedebista voltou a dizer que ainda não decidiu que caminho vai seguir após deixar a Presidência do Senado, na próxima semana.

Nos bastidores, ele é tido como nome praticamente certo para assumir a liderança do partido, em substituição a Eunício Oliveira (CE), que deverá ser eleito com folga o novo presidente da Casa.

“Vou conversar com a bancada, ouvir todo mundo para decidir o que fazer”, desconversou o senador do PMDB.

 

Proteção

“Ele tem uma boa formação jurídica e sem dúvida nenhuma contribuiria na necessidade de formar um pensamento no Supremo que proteja a Constituição.”

Renan Calheiros (PMDB-AL)

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Cármen diz que ‘nem sob tortura’ fala de delações

 

Rafael Moraes
Breno Pires

 

Em meio à expectativa quanto à definição do novo relator dos processos da Operação Lava Jato, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, disse ontem que não fala “nem sob tortura” sobre a homologação das dela- ções de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht. Questionada se ela mesma poderia homologar as delações da Odebrecht, Cármen desconversou: “Sobre esse assunto eu não falo. Nem sob tortura”.

Em rápida conversa com jornalistas, a ministra afirmou que não falou ontem com os colegas da Corte sobre quem vai assumir a relatoria dos processos da Operação Lava Jato, que segue indefinida depois da morte de Teori Zavascki. Questionada se a “barra estaria pesada” no STF, Cármen desabafou: “Nem me fale!”.

A ministra disse que ontem recebeu pessoas próximas a Teori e que hoje vai receber outros familiares.