Título: UE pune Teerã e amplia pacote de sanções
Autor: Vicentin, Carolina
Fonte: Correio Braziliense, 02/12/2011, Mundo, p. 17

A pressão externa sobre o governo do Irã cresce a cada dia. Indignada com o ataque à Embaixada do Reino Unido em Teerã, na segunda-feira, a União Europeia (UE) estendeu o pacote de sanções econômicas a 180 pessoas e entidades iranianas. As medidas também são uma resposta ao relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre a presença de armas nucleares no país.

O bloco estuda o bloqueio da importação de petróleo proveniente do Irã. Aparentemente alheio a tudo isso, o governo de Mahmoud Ahmadinejad libertou, ontem, 11 estudantes islâmicos que participaram da invasão às representações diplomáticas britânicas.

Reunidos em Bruxelas, os ministros das Relações Exteriores dos países da UE prometeram avaliar medidas capazes de desestabilizar o Irã. No comando da operação, o chanceler francês, Alain Juppé, garantiu que tais sanções serão adotadas com cautela, para evitar uma alta mundial no preço do petróleo. "A Grécia expressou preocupações, e nós temos de levá-las em consideração e trabalhar com os diferentes parceiros, de modo que a interrupção do fornecimento do petróleo iraniano possa ser compensada por um aumento da produção de outros países", disse Juppé. "É algo totalmente possível", afiançou. O Irã exporta, em média, 2,2 milhões de barris do combustível por dia e tem facilitado o comércio com os gregos, afundados em uma profunda crise econômica.

A preocupação com as consequências de uma sanção no setor energético também partiu dos Estados Unidos. Segundo a agência Reuters, funcionários do governo norte-americano trabalham para intimidar Ahmadinejad sem perturbar os mercados de petróleo. A alternativa seria pressionar bancos estrangeiros a não fazer negócio com o banco central do Irã. Analistas mais conservadores acreditam, contudo, que o excesso de cuidado é desnecessário. "A dependência do petróleo iraniano é um problema, mas a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) tem produção excedente. Então, não é um problema tão grande quanto alguns sugerem", disse ao Correio Michael Rubin, especialista do American Enterprise Institute (AEI) e ex-diretor para o Irã do Escritório da Secretaria de Defesa durante o primeiro governo de George W. Bush.

Outro temor da comunidade internacional é que as pressões financeiras acabem por impulsionar a rebeldia de Ahmadinejad no assunto da energia nuclear. "Nós falamos categoricamente contra a espiral de tensão e confrontação em assuntos ligados ao Irã.

Acreditamos que isso é carregado de consequências graves", afirmou Alexander Lukashevich, porta-voz do Ministério de Negócios Estrangeiros da Rússia. Jamsheed Choksy, especialista em cultura e sociedade iraniana pela Universidade de Indiana, lamenta que a solução encontrada pelo Ocidente prejudique ainda mais o povo sob o comando de Ahmadinejad. "As sanções econômicas podem diminuir o avanço do programa nuclear, mas não vão pará-lo", observa. "Infelizmente, essas medidas vão afetar severamente as pessoas comuns, até porque o isolamento do governo não é tão perigoso quanto o isolamento dos iranianos da observação da comunidade internacional."