Título: Incentivo à produção
Autor: D,Angelo, Ana
Fonte: Correio Braziliense, 02/12/2011, Economia, p. 11

Ao mesmo tempo em que incentivou o consumo, o governo aliviou os investimentos produtivos. Retirou impostos dos títulos de longo prazo emitidos pelas companhias do setor produtivo, que poderão usá-los para captar recursos destinados à ampliação de suas fábricas. A intenção é estimular a capacidade produtiva das indústrias, evitando um descompasso entre a oferta de produtos e as compras. Demandas não atendidas são um dos principais combustíveis da inflação, o que a equipe econômica quer evitar. Os alertas foram feitos pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e ouvidos agora pelo Palácio do Planalto.

Os estrangeiros, que antes tinham de pagar 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investir em títulos privados de longo prazo, estarão isentos desse tributo quando aplicarem em papéis com vencimento acima de quatro anos. "Agora, temos condições de reduzir o IOF. Se houver novo surto especulativo, podemos retornar com nova alta na alíquota. Isso não é um programa fechado", justificou o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Com o recrudescimento da crise europeia, empresas de médio e grande porte tiveram suas linhas de crédito internacionais interrompidas e se viram obrigadas a recorrer ao sistema bancário nacional, situação que tirou espaço das pequenas empresas. Um dos objetivos das medidas anunciadas ontem é reverter esse cenário. "Por isso, cuidamos do crédito dentro do país. Nós temos cacife e monitoramos todos os dias a necessidade de recursos", disse o ministro. O pacotão ainda beneficiou o Programa Minha Casa, Minha Vida. Antes, apenas os projetos de imóveis avaliados em até R$ 75 mil tinham tributação diferenciada. Agora, esse teto passou para R$ 85 mil.

Otimismo sobe e IPC-S também O otimismo do consumidor brasileiro cresceu em novembro. A alta, que foi de 0,4%, ocorreu pelo terceiro mês consecutivo, segundo o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Para o economista da CNI Marcelo Azevedo, "esse aumento moderado pode ser um efeito do otimismo comum em fins de ano, mas reflete a preocupação com a inflação". Não sem motivo. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) subiu 0,53% no mês passado, após alta de 0,43% na medição anterior. Com esse resultado, o indicador acumula alta de 5,52% no ano e de 6,29% nos últimos 12 meses. As principais contribuições para a aceleração partiram dos grupos alimentação (0,78%) e habitação (0,52%). Em itens específicos, os destaques foram carnes bovinas (3,20%) e tarifa de eletricidade residencial (1,35%).