O Estado de São Paulo, n. 45031, 31/01/2017. Política, p. A8

PSB lança nome e quatro deputados concorrem com Maia

 

Daiene Cardoso
Isadora Peron
Igor Gadelha
Breno Pires
Rafael Moraes Moura

 

O lançamento de uma candidatura e a retomada de uma campanha suspensa embolaram o cenário da sucessão à presidência da Câmara. A confirmação de quatro candidatos concorrendo contra o atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reduziu suas chances de vitória no primeiro turno, como era previsto até então. Para apertar o cerco contra o deputado fluminense, os adversários apresentaram mais uma ação no Supremo Tribunal Federal para tentar impedir sua recondução.

Para garantir que a disputa vá para o segundo turno, Júlio Delgado (PSB-MG) confirmou sua candidatura mesmo com seu partido declarando apoio formal a Maia. Rogério Rosso (PSD-DF), que havia suspendido a candidatura à espera do STF, resolveu voltar a pedir votos à revelia da bancada, que também está com Maia.

“Quanto mais candidatos melhor”, disse o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), um dos articuladores da campanha de Jovair Arantes (PTB-GO). Hoje, o PSOL vai decidir se lançará o sexto candidato ao comando da Câmara. O nome de Jair Bolsonaro (PSC-RJ) também circula como possível concorrente.

O registro de candidatura pode ser feito até as 23 horas de amanhã, e a desistência, até minutos antes da votação.

 

‘Traições’. Enquanto Maia conquista o apoio oficial dos partidos, seus adversários investem nas “traições” dentro das bancadas. Com cinco candidatos na disputa, os deputados preveem que Maia dificilmente terá maioria absoluta em plenário para ganhar no primeiro turno, uma vez que o voto será secreto e não é possível fidelizar as bancadas. Para vencer de forma confortável, Maia teria de ter o apoio maciço dos petistas. Em reunião hoje, a bancada do PT decidirá se vai apoiar André Figueiredo (PDT-CE) ou se lançará candidatura própria.

 

Judicialização. Delgado, Rosso, Jovair e Figueiredo entraram ontem com novo mandado de segurança no STF pedindo a concessão de uma liminar para impedir o registro da candidatura do atual presidente da Casa.

Na ação, solicitam a suspensão da eleição para os cargos de diretoria da Câmara “até que a Corte se pronuncie definitivamente sobre a questão”. Esse é o terceiro pedido contra o registro de candidatura de Maia.

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Requião quer lançar ‘candidatura alternativa’ no Senado

 

Ricardo Brito
Julia Lindner
Isabela Bonfim

 

Às vésperas da eleição para a Mesa Diretora, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) procurou integrantes da bancada petista para tentar viabilizar uma candidatura à presidência do Senado.

As sondagens do peemedebista ocorrem no momento em que os senadores do PT decidiram não apoiar para o cargo o atual líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE), favorito ao posto. A eleição no Senado está marcada para amanhã.

Eunício, tratado como o candidato principal do PMDB e com apoio da cúpula do partido, ainda não confirmou sua candidatura. Requião, por sua vez, articula uma candidatura alternativa ao da cúpula da legenda, que, por ter a maior bancada, tem o direito de lançar o nome para a sucessão de Renan Calheiros (PMDB-AL).

O senador pelo Paraná tem defendido a divulgação do conteúdo das delações dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht antes da eleição das Mesas da Câmara e do Senado. Para Requião, seria um “constrangimento” eleger alguém que futuramente fosse questionado.

A divulgação das delações, se ocorresse, poderia beneficiálo, uma vez que Eunício poderia ser enredado na colaboração da Odebrecht – embora citado, não é alvo de inquérito formal no Supremo Tribunal Federal.

O atual líder do PMDB, entretanto, disse que não tem “nenhuma preocupação” com o conteúdo das delações. “Ninguém pode impedir que terceiros falem, criem, inventem e até mintam”, disse ao Estado.

Senadores do PT – a terceira maior bancada da Casa – reuniram- se nos dois últimos dias para definir o caminho a seguir.

Após pressão da base do partido, a bancada rachou. Um grupo defende não apoiar a candidatura de Eunício, que foi a favor do impeachment da presidente da cassada Dilma Rousseff.

Outro é favorável a fechar com Eunício e garantir um assento na Mesa Diretora, provavelmente a Primeira-Secretaria, linha defendida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Um terceiro grupo quer, caso Requião saia candidato, apoiá-lo.