O Estado de São Paulo, n. 45018, 18/01/2017. Política, p. A7

PMDB negocia ‘superbancada’ no Senado

 
Ricardo Brito

 

Líderes do PMDB querem garantir a entrada de três senadores do PTB e do DEM no partido a fim de formar uma “superbancada” no Senado. A legenda, que já é a maior da Casa, com 19 integrantes, poderá chegar a 22, caso consiga filiar os senadores Elmano Férrer (PTB-PI), Zezé Perrella (PTB-MG) e Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Se isso acontecer, seria a maior bancada do PMDB desde a eleição de 1998, quando o partido chegou a ter 29 senadores. Há mais de dez anos, o partido tem mantido a maior bancada do Senado, posição que lhe garante direito, conforme o critério da proporcionalidade partidária, a escolher primeiro os principais postos da Casa, como a presidência e o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Do trio, a filiação tida como certa é a de Férrer, conforme antecipou o Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o atual líder do partido, Eunício Oliveira (CE), e outras lideranças já acertaram a ida de Férrer para o partido. Ele já vinha sendo assediado pelos peemedebistas desde antes do julgamento do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff. O voto dele chegou a ser contabilizado como a favor da condenação da petista. Contudo, ele votou por absolvê-la. A intenção é de que, na semana anterior ao retorno do recesso, a bancada faça um ato público de filiação.

Até lá, continuam as conversas para levar novos senadores para o partido. Um dos que já foram sondados é Lasier Martins (RS), que em dezembro deixou o PDT após ter contrariado a orientação partidária e votado a favor da PEC do Teto e do impeachment de Dilma. As negociações envolvem outros senadores, cujos nomes não têm sido divulgados para não atrapalhar eventuais acertos.

Minas. O partido tenta atrair também Perrella, o que garantiria um peemedebista senador em Minas, segundo maior colégio eleitoral do País. A negociação mais difícil é a de Alcolumbre, uma vez que ele derrotou, na eleição de 2014, um aliado do ex-presidente José Sarney, Gilvam Borges. No Senado, ao contrário do que ocorre na Câmara dos Deputados, um parlamentar que muda de partido não corre o risco de perder o mandato.

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PEC do Teto faz PDT expulsar senador de RR


Ricardo Brito

 

A Executiva Nacional do PDT decidiu ontem expulsar o senador Telmário Mota (RR) por ele ter votado, no fim do ano passado, a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece um teto para os gastos públicos por 20 anos. Segundo a legenda, a decisão precisa ser referendada pelo Diretório Nacional. Até lá, o parlamentar pode apresentar defesa.

Ao ser informado da decisão, Telmário acusou o presidente do partido, o ex-ministro Carlos Lupi, de ser “cara de pau” ao comandar sua expulsão da sigla. O parlamentar criticou duramente Lupi, lembrando que ele deixou o Ministério do Trabalho em 2011, no governo Dilma Rousseff, sob acusações de corrupção. Ele disse que, com a decisão, o PDT indica que roubar é “plausível”, mas ninguém pode ter opinião própria.

“O Lupi está fechando o PDT, reduzindo o partido a nada”, reclamou o senador, filiado há 20 anos à legenda. Ele disse estar “tranquilo” e, por ora, não vai procurar outra sigla para se filiar. Até a conclusão desta edição, o presidente do PDT não havia sido localizado pela reportagem para comentar o caso.

Mérito. Telmário disse não ter sido informado do fechamento de questão do partido para votar contra a PEC do Teto. Ele afirmou não ter votado no mérito no primeiro turno, tendo apresentado uma emenda para tentar retirar o que considera o congelamento da saúde e da educação. Contudo, a emenda foi rejeitada em plenário. Foi no segundo turno, disse, que acabou votando a favor da PEC por considerar que o resultado já era previsível. “A Inês estava morta, não tinha como (reverter).”

Se confirmada a saída de Telmário, a bancada do PDT será reduzida a um terço em relação à eleição de 2014 – uma queda de seis para dois integrantes. Deixaram a legenda, desde então, Reguffe e Cristovam Buarque, ambos eleitos pelo Distrito Federal, e Lasier Martins, pelo Rio Grande do Sul.

 

Reclamação

“O (Carlos) Lupi (presidente da legenda) está fechando o PDT, reduzindo o partido a nada.” “A Inês estava morta, não tinha como (reverter o placar da votação da PEC).”

Telmário Mota (PDT-RR)

SENADOR