Delúbio condenado por lavagem de dinheiro

03/03/2017

 

 

CRISE NA REPÚBLICA » Ex-tesoureiro do PT pega cinco anos de prisão por simular empréstimo para o partido. Na sentença, juiz Sérgio Moro diz que o petista tem "maus antecedentes" pelo mensalão

 

 

O juiz federal Sérgio Moro condenou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o empresário Ronan Maria Pinto, de Santo André (SP), e o empresário Enivaldo Quadrado a cinco anos de prisão por lavagem de dinheiro. Os três são acusados de simular um empréstimo fraudulento de R$ 6 milhões feito com o Banco Schahin em favor do PT.

Na sentença, Moro lembrou que o ex-tesoureiro tem “maus antecedentes” e citou a condenação de Delúbio na Ação Penal 470 do Supremo Tribunal Federal, que ficou conhecida como o processo do mensalão. “Não é, porém, reincidente, pois o crime presente é anterior ao trânsito em julgado da condenação na Ação Penal 470”, escreveu o juiz.

Foram absolvidos Oswaldo Rodrigues Vieira Filho, Marcos Valério Fernandes de Souza, Sandro Tordin e Breno Altman “da imputação de crime de lavagem de dinheiro por falta de prova suficiente para a condenação”.

Ronan é o dono do jornal Diário do Grande ABC. A Lava-Jato suspeita que ele comprou a empresa com R$ 6 milhões que teria recebido via José Carlos Bumlai, pecuarista amigo do ex-presidente Lula preso pela Lava-Jato, em 24 de novembro de 2015.

Bumlai tomou empréstimo supostamente fraudulento de R$ 12 milhões do Banco Schahin em outubro de 2004. Ele afirmou ao juiz Moro que o dinheiro tinha sido destinado ao PT. Ronan foi preso na Operação Carbono 14, desdobramento de número 27 da Lava-Jato, em 1º de abril do ano passado. Em setembro, o empresário deixou a prisão — foi solto com tornozeleira eletrônica por determinação do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que reformou ordem de prisão preventiva do juiz Sérgio Moro. Além da tornozeleira, o TRF4 impôs a Ronan o pagamento de fiança de R$ 1 milhão.

O advogado Pedro Paulo de Medeiros, que representa Delúbio Soares, disse em nota que vai recorrer da sentença e ressaltou que, “em momento algum”, o ex-tesoureiro do PT “solicitou ou anuiu com empréstimo de valores junto ao Banco Schahin”.

Fernando José da Costa, responsável pela defesa do empresário Ronan Maria Pinto, também se manifestou por meio de nota: “Não concordamos com a decisão proferida e vamos recorrer perante os tribunais superiores”. O advogado de Enivaldo Quadrado não foi localizado.

 

Pai e filho transferidos

Presos em caráter preventivo na Superintendência da Polícia Federal (PF) no Distrito Federal desde o sábado, Jorge Luz e o filho Bruno Luz foram transferidos ontem para Curitiba. Apontados como operadores financeiros ligados principalmente ao PMDB, foram alvos da 38ª Fase da Operação Lava-Jato, batizada de Blackout. Citados por outros investigados que assinaram acordo de delação premiada com a Justiça Federal, os dois respondem pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Jorge e Bruno deixaram o Aeroporto Internacional de Brasília em um voo comercial e chegaram ao Aeroporto Internacional Afonso Pena, na capital paranaense, pouco depois das 18h. No aeroporto, foram recebidos por uma equipe local da PF, que os conduziu para a superintendência.

 

Inquérito prorrogado

O ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, prorrogou por mais 90 dias o inquérito que apura a suspeita de que o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), tenha recebido R$ 1 milhão do esquema de corrupção na Petrobras. A investigação sobre o petista teve início em 2015, a partir da delação do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa. O delator disse que o dinheiro teria regado a campanha do petista ao Senado em 2010. A defesa do senador Humberto Costa afirmou ter “a convicção de que o Ministério Público Federal acatará a sugestão da Polícia Federal de arquivar o caso por falta de provas”.

 

 

Correio braziliense, n. 19638, 03/03/2017. Política p. 5.