Título: Saída passa por cardápio variado
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 04/12/2011, Economia, p. 16

Não há dúvidas, entre os especialistas, de que o governo vai continuar lançando mão, de agora em diante, de um mix de medidas monetárias e tributárias para recolocar a economia nos trilhos. Diante da surpresa da desaceleração interna de forma muito mais rápida do que se esperava, e ainda dos temores com os desdobramentos da crise europeia, a equipe econômica ampliou seu cardápio de opções. O incentivo ao crescimento não virá mais apenas da redução dos juros, mas também de outros instrumentos monetários e fiscais, sugere Maristela Ansanelli, economista-chefe do Banco Fibra.

"O governo parece ter optado por um mix de política que inclui a redução dos juros, a reversão das chamadas medidas macroprudenciais (restritivas) e incentivos fiscais para setores específicos", constata ela. A percepção é de que, ao mesmo tempo em que medidas como a redução de impostos têm como foco minimizar a desaceleração da economia a curto prazo, dado seu rápido impacto sobre a demanda, a manutenção da queda dos juros atua sobre o processo de reversão da economia a médio prazo.

Nesse cenário, a expectativa é de que o Banco Central intensifique os cortes na taxa básica de juros (Selic) ou, ao menos, prolongue o afrouxamento monetário, a fim de impulsionar a economia. "Nossa taxa é alta demais. O Brasil tem muito espaço para cortar juros antes de usar outras medidas de estímulo", assegura Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco. As apostas em relação à Selic são de que, em 2012, ela atinja uma taxa entre 9,5% e 9% ao ano em dezembro. Porém, ela deve chegar a esses níveis com "ajustes moderados", como tem enfatizado o presidente do BC, Alexandre Tombini. Traduzida no código do mercado, a estratégia significa a continuidade de cortes pontuais de 0,5 ponto percentual nos juros. (VM)

Resultado negativo Boa parte dos analistas financeiros aposta que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi negativo no terceiro trimestre de 2011. Para o período de outubro a dezembro, as expectativas são de um desempenho ruim — no máximo, ligeiramente positivo. Pesquisas conjunturais seguem apontando estoques elevados, o que tende a afetar ainda o desempenho do primeiro trimestre de 2012.