O Estado de São Paulo, n. 45011, 11/01/2017. Política, p. A5

Com baixo clero, Jovair entra na briga pela Câmara

 
Isadora Peron
Daiene Cardoso
Ricardo Galhardo

 

Rodeado por deputados do baixo clero, o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), lançou ontem a sua candidatura à presidência da Câmara com um discurso de independência para conquistar o apoio dos colegas e tentar impedir a reeleição do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEMRJ), que tem a simpatia do Palácio do Planalto.

Além de nomes do PTB, cerca de 20 deputados do Solidariedade, PROS, PP, PSC e PSL compareceram ao lançamento, realizado no Salão Negro da Câmara. Integrantes do PMDB e o novo líder do PT, Carlos Zarattini (SP), também participaram.

Jovair afirmou que, se eleito, vai colocar em pauta os projetos considerados prioritários pelo governo, mas ponderou que a aprovação da matéria vai depender dos parlamentares. “Quem vota é o deputado. O voto é unitário, é pessoal, individual, e a eles, aos deputados, cabe a decisão”, disse.

Aliados adotaram um tom mais duro. “A Câmara tem de ter um pouco de independência. Não podemos ter aqui um candidato do Palácio do Planalto”, disse Paulinho da Força (SD-SP). Professor Victório Galli (PSC-MT) disse que “não sobra tempo” para se votar projetos dos deputados por causa de prioridades do Executivo.

Questionado se vai focar a campanha em deputados de partidos nanicos, Jovair desconversou. “Eles querem um candidato que respeite o mandato.”

Zarattini não se comprometeu com Jovair. “Estamos defendendo o cumprimento da democracia com o respeito à proporcionalidade. Para isso temos de falar com todos os partidos e candidatos.

A opção é o PT se isolar e não conversar com ninguém porque todo mundo é golpista.” A direção do PT quer opinar na posição da bancada para impedir que a decisão fique só nas mãos dos deputados e seja balizada pela barganha de cargos, fragilizando o discurso do “golpe” e “fora, Temer”. “Essa discussão de apoiar golpista ou não é secundária”, disse Zarattini.