Manifestações saem às ruas contra Temer

Júlia Campos e Thiago Soares

19/05/2017

 

REPÚBLICA EM TRANSE » Milhares de pessoas nas cinco regiões brasileiras pediram a saída do presidente e a convocação de eleições diretas. Em Brasília, houve confronto entre manifestantes e policiais na Esplanada dos Ministérios e na Rodoviária do Plano Piloto
 
 

 

ESPECIAL PARA O CORREIO

Após o presidente Michel Temer garantir, na tarde de ontem, que não renunciará ao cargo, milhares de manifestantes foram às ruas pedir a saída dele do governo e a convocação de eleições diretas. Os atos foram marcados por meio das redes sociais e atingiram todas as regiões do país.

Em São Paulo, a mobilização teve início às 17h30 na Avenida Paulista e a rua sentido Consolação ficou fechada. O ponto de encontro foi no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Em um carro de som, movimentos sindicais discursavam palavras de ordem em relação a saída de Temer do governo. Por volta às 19h20, eles encerraram as falas e seguiram em marcha para o escritório da Presidência. Em nenhum momento a chuva intimidou os participantes. Segundo a Polícia Militar, o ato prosseguiu de forma pacífica. A organização falou de 6 a 8 mil pessoas.

No Rio de Janeiro, a concentração foi na Igreja da Candelária. Por volta das 20h15, manifestantes e policiais entraram em confronto na Cinelândia. O embate durou cerca de 30 minutos. Participantes mascarados jogaram pedras e garrafas contra os policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. A Cinelândia, que em momentos antes estava lotada, às 20h45, ficou vazia. Muitos manifestantes fugiram em direção à Lapa, que fica a cerca de 2 quadras de distância, e atearam fogo em sacos de lixo e outros objetos.

Na capital mineira, a concentração começou às 17h, na Praça Sete. Os manifestantes circularam por avenidas do centro da cidade e seguiram para a Praça da Estação. Ao longo do trajeto, diversos moradores demonstraram apoio. Segundo os organizadores, o ato reuniu 50 mil pessoas, segundo os organizadores. A Polícia Militar não divulgou estimativa de público.

Na região Sul, as capitais Curitiba e Porto Alegre aderiram ao movimento. Na cidade gaúcha, começou na Esquina Democrática, no centro da cidade às 18h. Depois, os integrantes seguiram em marcha pelas ruas do Centro Histórico. A caminhada se encerrou no Largo Zumbi dos Palmares. Um grupo menor, no entanto, resolveu seguir até a Avenida Ipiranga, onde foram registrados alguns confrontos com a Brigada Militar (BM). Os policiais utilizaram bombas de gás para dispersar os manifestantes. As lideranças afirmam 20 mil manifestantes.

 

Nordeste

No Nordeste do país, houve protestos em todas as capitais. No Recife, a mobilização na Praça do Derby iniciou-se por volta das 16h. No início na noite, os manifestantes saíram em caminhada pela Avenida Conde da Boa Vista com destino à Avenida Guararapes. Ao longo da Boa Vista, o comércio fechou as portas mais cedo e houve relatos de depredação em agências bancárias.

Na Paraíba, as mobilizações ocorreram em João Pessoa e Campina Grande e não houve divulgação do número de integrantes. Na capital, o grupo se reuniu a partir das 15h em frente ao Lyceu Paraibano e seguiu em caminhada ao Ponto de Cem Réis. No fim da tarde, eles saíram da concentração e seguiram para o anel do Parque da Lagoa Solon de Lucena, onde bloquearam o trânsito na Avenida Almirante Barroso. No município de Campina Grande, o encontro aconteceu na Praça da Bandeira às 16h. A organização estimou 300 pessoas no ato.

Já na região Norte, os moradores de Macapá e Manaus também foram às ruas. Em Belém, houve confronto entre manifestantes e a força policial. Foram usados spray de pimenta, balas de borracha e bombas de efeito moral para dispersar a multidão e duas pessoas ficaram feridas. Há relatos que agências bancárias e comércios foram depredados. O ato começou às 18h em frente ao mercado de São Brás e saiu em marcha para a Praça da República por volta de 19h. Segundo a organização, cerca de mil pessoas participam da passeata. O término do protesto ocorreu por volta das 21h30.

 

50 mil

Número de manifestantes nas ruas de Belo Horizonte

 

 

Correio braziliense, n. 19715, 19/05/2017. Brasil, p. 9.