O Estado de São Paulo, n. 45006, 06/01/2017. Política, p. A7

PSDB-SP quer eleição para contrapor Aécio

 
Pedro Venceslau
Julianna Granjeia

 

Para se contrapor à decisão da Executiva Nacional do PSDB de prorrogar os mandatos dos dirigentes nacionais e estaduais por mais um ano, aliados do governador Geraldo Alckmin querem promover uma eleição interna para eleger a nova cúpula.

O presidente do partido em São Paulo, deputado estadual Pedro Tobias, convocou uma reunião para segunda-feira na qual pretende abrir o processo. “Isso será uma mensagem para a militância de que em São Paulo há democracia interna. Vou abrir mão de permanecer no cargo”, disse ele ao Estado. O mandato de Tobias termina em junho e ele poderia disputar novamente.

No dia 15 de dezembro do ano passado, o senador Aécio Neves (MG) conseguiu o apoio da maioria da cúpula partidária para prorrogar até maio de 2018 o próprio mandato como presidente nacional do partido. A medida se estendeu aos dirigentes estaduais, mas não aos municipais.

A manobra surpreendeu os aliados de Alckmin, que votaram contra. Com a prorrogação, Aécio estará no comando da máquina tucana no momento de montar o palanque do PSDB à Presidência em 2018.

Estímulo. O Palácio dos Bandeirantes está estimulando possíveis postulantes ao comando do partido em São Paulo que são ligados ao governador. A escolha da nova executiva paulista é considerada pelos tucanos como mais uma demonstração do controle que o governador exerce sobre a máquina partidária no Estado. Além de Alckmin e Aécio, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, também é cotado para a vaga de candidato presidencial. Com a vitória de João Doria para a Prefeitura de São Paulo, no entanto, o governador isolou o grupo político do chanceler no Estado. Correligionários de Alckmin não descartam, porém, a possibilidade de ele deixar a legenda e migrar para o PSB caso não consiga viabilizar sua candidatura. Se isso ocorrer, o PSDB correria o risco de perder o apoio de grande parte dos prefeitos paulistas.

Três nomes já se apresentaram para comandar o diretório: o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, e o deputado federal Miguel Haddad. Todos são afinados com o projeto presidencial de Alckmin.

 

PARA LEMBRAR

Mandato foi prorrogado

No dia 15 de dezembro, a direção da Executiva Nacional do PSDB decidiu prorrogar até maio de 2018 o mandato do senador Aécio Neves (MG) na presidência do partido. Foram 29 votos a favor, dois contra e uma abstenção – a do próprio senador mineiro.

A decisão foi tomada após um acordo entre Aécio e o chanceler José Serra e desagradou ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Os três são cotados para a vaga de candidato da legenda ao Planalto em 2018.

Os dois votos contrários à prorrogação do mandato de Aécio foram dados pelos deputados Silvio Torres (SP), secretário-geral do PSDB, e Eduardo Cury (SP), que são aliados de Alckmin. Em sua intervenção, Torres tentou reduzir o prazo da extensão do mandato do senador mineiro e propôs que Aécio comandasse o partido até janeiro de 2018, mas a proposta foi derrotada.

A reunião, realizada na sede da legenda em Brasília, foi comandada pelo próprio senador. A decisão também contou com o consentimento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que enviou uma carta à Executiva tucana.