Crescem as notificações de febre amarela no DF

Isa Stacciarini

24/03/2017

 

 

SAÚDE » Em três meses, a Vigilância Epidemiológica registrou 25 casos suspeitos na capital federal e no Entorno - em todo o ano de 2016, foram 24. A morte de 37 macacos também preocupa as autoridades, que têm reforçado a imunização dos moradores

 

 

Do início do ano até agora, o Distrito Federal notificou 25 casos de febre amarela em regiões da capital e no Entorno. Do total, dois estão sendo investigados e um homem, morador de Januária, norte de Minas Gerais, morreu na capital em 18 de janeiro. O número de notificações em menos de três meses já supera o de todo o ano passado, quando houve 24 episódios notificados no DF e Entorno. Destes, 17 pacientes moravam na capital e sete eram de outras unidades da Federação. Dos residentes daqui, um caso ficou inconclusivo. Este ano, além do caso que veio a óbito, outros dois continuam sob suspeita e os demais são investigados.

O cenário preocupa o brasiliense, que ainda busca vacinas nos postos de saúde. Além das suspeitas, 37 macacos foram encontrados mortos na capital federal desde janeiro. As amostras seguiram para o Laboratório de Referência Nacional Evandro Chagas e os resultados ainda não ficaram prontos. No entanto, a Secretaria de Saúde do DF garantiu que, independentemente da resposta, a Subsecretaria de Vigilância à Saúde faz todas as ações de manejo ambiental e bloqueio vacinal nas áreas onde podem ser encontrados macacos. A doença é comum nos bichos, porque são os principais hospedeiros do vírus.

A diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde, Heloísa Araújo, explicou que aumentou a sensibilidade da doença no DF. Isso significa que os serviços de saúde estão mais atentos ao quadro de febre amarela. Quando se suspeita de um caso, ocorre a notificação. “Como é um caso agressivo, precisamos de uma intervenção mais próxima da realidade. Além disso, é algo que tem um impacto social muito grande e precisa ser tratado de forma mais enérgica”, destacou.

Segundo ela, quando ocorre a notificação, acredita-se que aquele caso abre uma suspeição para um quadro de febre amarela. A suspeita, por sua vez, é quando já existe um quadro clínico. “Nós estamos em uma área endêmica, somos vizinhos a Minas Gerais, e tem acontecido uma circulação de pessoas vindo para o DF. Por isso, precisamos ficar mais atentos, principalmente em razão desse tanto de caso acontecendo em outras unidades federativas”, destacou.

 

Investigação

Por ser uma região endêmica, há determinação de se fazer uma imunização regular no DF. “Notificamos todo quadro provável e, quando isso acontece, abre-se uma chamada para fazer a investigação da vida do paciente, como o estado vacinal, por onde ele esteve, quais os contatos que a pessoa teve. Fazemos, inclusive, um mapeamento epidemiológico das situações que podem ter levado à suspeita de febre amarela”, contou. Do início do ano até agora, 116.014 doses da vacina foram aplicadas no DF e 174.395 distribuídas. De acordo com a Secretaria de Saúde, há, em estoque, 10,5 mil doses e, até o fim do mês, devem ser recebidas mais 20 mil.

O infectologista e especialista em medicina tropical Dalcy Albuquerque Filho explicou que o simples fato de haver suspeita da doença já motiva a notificação do caso para que ele seja investigado. Segundo o médico, em razão da repercussão da patologia, profissionais da área têm se preocupado. “A região Centro-Oeste, especificamente o DF e Entorno, é, sabidamente, área de circulação de vírus. Ele já transitou no passado e circula há muito tempo. A morte de macacos é um indicador de epidemia entre eles. Por isso, nos locais de óbito, faz-se um reforço da vacinação da população em volta”, destacou.

O médico afirmou que o DF e o Entorno são locais endêmicos de febre amarela. Por isso, na visão dele, a cobertura vacinal é uma das principais formas de se evitar o surto da doença. “Segundo dados da Secretaria de Saúde, a cobertura vacinal é muito próxima ou pouco superior a 90%, o que, praticamente, inviabiliza o surto urbano. A possibilidade é muito pequena porque, mesmo que o Aedes aegypti pique uma pessoa vacinada, o vírus não vai se propagar. Com isso, o mosquito morre e o vírus também”, ressaltou.

 

Confirmação

A primeira morte por febre amarela este ano no DF foi confirmada em 19 de janeiro. A vítima, um homem de 40 anos, era morador de Januária e tinha vindo visitar o irmão que reside na capital. O pedreiro viajou de ônibus e chegou a Brasília no dia 16. Após se sentir mal, procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Sebastião e morreu dois dias depois. Após a ocorrência, a Secretaria de Saúde monitorou os locais por onde o paciente passou como, por exemplo, o povoado Café sem Troco, área Sebastião.

 

Como fica

Hepatite A

» Passa a ser disponibilizada para crianças até 5 anos. Antes, a idade máxima era 2 anos.

 

Tetra viral

(Sarampo, caxumba, rubéola e catapora)

» Crianças passam a receber doses entre 15 meses e 4 anos. Antes, a aplicação era feita entre 15 meses e menores de 2 anos.

 

Tríplice viral

(Sarampo, caxumba, rubéola)

» A população entre 20 e 29 anos passa a receber a segunda dose. Antes, ocorria  até 19 anos. Para adultos de 30 a 49 anos, permanece a indicação de apenas uma dose.

 

HPV

» Passou a ser ofertada também para meninos entre 12 e 13 anos. Desde 2014, a dose é oferecida a meninas de 9 a 13 anos. Este ano, a vacina será oferecida também a portadores de HIV entre 9 e 26 anos, transplantados e pacientes oncológicos.

 

Meningocócica  C

(Meningite)

» Passa a ser disponibilizada para adolescentes de 12 e 13 anos. A faixa etária será ampliada gradativamente até 2020, quando serão incluídos crianças e adolescentes de 9 a 13 anos. O esquema vacinal será de um reforço ou uma dose única, conforme a situação vacinal.

 

DTPA adulto

(Difteria, tétano e coqueluche)

» Passa a ser recomendada para as gestantes a partir da 20ª semana. As mulheres que não se imunizaram durante a gravidez devem receber a dose até 40 dias após o parto.

 

 

Correio braziliense, n. 19659, 24/03/2017. Cidades, p. 19.