Os delatores da operação 
Chico otaviano 
27/01/2017
 
 
Após 13 anos a serviço de Cabral, irmãos falaram por medo da prisão

Doleiros pouco conhecidos no mercado de câmbio, os irmãos Renato e Marcelo Hasson Chebar foram as figuras centrais da Operação Eficiência. Com medo de que as investigações da Calicute chegassem aos seus nomes, os dois decidiram procurar espontaneamente o Ministério Público Federal para assinar o acordo de colaboração e devolver os US$ 100 milhões que ainda mantinham em contas nos seus nomes no exterior para atender ao ex-governador Sérgio Cabral.

Em 2015, a Polícia Federal encontrou, durante uma operação na casa de Eike Batista, um extrato bancário com a indicação de que uma conta (Golden Rock) em nome de uma empresa de Eike havia transferido recursos para a Arcadia Associados, dos irmãos Chebar. Na ocasião, segundo os delatores, Cabral teria chamado os dois doleiros para uma reunião com os seus advogados para avaliar o grau de risco da descoberta deste documento.

Os irmãos conheceram Cabral quando ele ainda era deputado estadual e tinha Eva Berth, mulher do pai de Renato e Marcelo, como secretária em seu gabinete. Inicialmente, Cabral trocava reais por dólares com os Chebar para viagens ao exterior. Quando estourou o escândalo do propinoduto, em 2002, Cabral teria procurado os dois irmãos preocupado com os US$ 2 milhões que mantinha ilegalmente em conta denominada Eficiência no Israel Discount Bank, em Nova York.

Os doleiros toparam a transação. Desde então, o volume de dinheiro cresceu a ponto de terceirizarem a operação a um personagem identificado por “Juca Bala", provavelmente o doleiro Vinicius Claret. Entre 2012 e 2013, os irmãos passaram a pagar as despesas pessoais do exgovernador e de seus parentes e operadores.

Em junho de 2015, as operações com Cabral teriam sido encerradas. Os irmãos passaram a temer a Lava-Jato.

O globo, n. 30489, 27/01/2017. País, p. 5