PGR denuncia Marconi Perillo por corrupção

Fabio Serapião  e  Beatriz Bulla

31/03/2017 

 

 

Além do governador de Goiás, acusação envolve Carlinhos Cachoeira, Fernando Cavendish, dono da Delta, e ex-diretor da construtora

 

 

A Procuradoria-Geral da República ofereceu denúncia ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). O tucano é acusado de corrupção passiva, por ter parte de uma dívida de campanha eleitoral, no valor de R$ 90 mil, paga em troca de um aditivo realizado em contrato do Estado com a Construtora Delta Engenharia.

Foram denunciados por corrupção ativa, na mesma investigação, o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira; o empresário Fernando Cavendish, dono da Delta; e Cláudio Dias Abreu, ex-diretor da empresa para a região Centro-Oeste. O Estado teve acesso à denúncia, que foi oferecida no dia 24 e permanece em segredo de justiça.

De acordo com a PGR, Cachoeira se valeu de “estreitas relações” com agentes políticos de Goiás para que a Delta estabelecesse “contratos vultosos, vários deles firmados com violação de dispositivos expressos de lei ou com prejuízo flagrante aos cofres públicos”. Em troca, o contraventor – considerado na denúncia um “operador oculto dos interesses da Delta” – oferecia propina aos agentes públicos.

O desvio total estimado com os pagamentos de propina é de R$ 370 milhões, fato que é objeto de ação penal na Justiça Federal do Rio de Janeiro. Para a Procuradoria, o “papel” de Perillo “era central” no esquema. Após a posse do governador, os valores de contratos da Delta subiram da casa de R$ 5 milhões para R$ 70 milhões, de acordo com a PGR.

Os investigadores identificaram o repasse de verbas ilícitas a 18 empresas fantasma.

Em nota, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, responsável pela defesa de Perillo, afirmou que “não há qualquer fundamento para a abertura de uma ação penal e tem a plena convicção de que ela será arquivada, tão logo a defesa técnica seja apresentada, antes da instauração do processo criminal.” Para o defensor, o andamento das apurações demonstrou que os fatos em questão não foram comprovados e que as vantagens citadas na denúncia “não tem indício de veracidade”.

O advogado de Cavendish, Antonio Pitombo, disse que não vai comentar a denúncia. O Estado não conseguiu contato com a defesa de Cachoeira e de Abreu.

No caso específico, a denúncia oferecida pela PGR aponta que, entre 2011 e 2012, Cachoeira, Cavendish e Abreu ofereceram propina a Perillo, para garantir contratos da Delta no Estado.

Uma das promessas foi de pagamento de dívida do governador com o marqueteiro eleitoral Luiz Bordoni. Em troca, a empresa buscava aditivo em contrato para ampliar o número de carros locados pela Delta para a Secretaria de Segurança Pública.

 

Ação. Perillo, por meio da defesa, contesta acusação formal

 

Inquérito contra Richa

A ministra do STJ Nancy Andrigui autorizou abertura de inquérito contra o governador Beto Richa (PSDB). Caso diz respeito à concessão de licença pelo Instituto Ambiental do Paraná. O governo não se pronunciou.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45090, 31/03/2017. Política, p. A9.