Título: Aldo critica relatório da Copa
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 11/12/2011, Política, p. 6

Ministro insinua que Dilma vetará alterações como a venda de bebidas alcoólicas durante os Jogos de 2014

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou ontem não "estar seguro" quanto às alterações propostas pelo relator da Lei Geral da Copa, deputado Vicente Cândido (PT-SP). Dentre as mudanças, estão a permissão de venda de bebidas alcoólicas nos estádios, o estabelecimento de uma cota de ingressos com preço reduzido para atender a todos os tipos de desconto praticados no Brasil, para idosos, estudantes e beneficiários de programas de distribuição de renda, e a possibilidade de se fazer uso de aeroportos militares para voos civis em caso de necessidade durante a Copa. "Não tenho segurança de que o texto atual é o melhor possível. Tenho conversado com ministros, deputados, e há opiniões divergentes. A Câmara tenta contemplar todos os setores, mas é difícil", afirmou Rebelo.

O ministro do Esporte é o segundo integrante do Poder Executivo a questionar o texto que tramita na Comissão Especial — a previsão é que a proposta seja votada na terça-feira e no plenário ainda nesta semana, antes do recesso parlamentar marcado para 20 de dezembro. Na quarta-feira, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que era contrário à permissão de venda de bebidas alcoólicas nos estádios, como defende a Fifa e o relatório de Cândido.

Aldo não tem certeza se a presidente Dilma sancionará a Lei Geral sem vetos caso as mudanças sejam mantidas. O Palácio do Planalto já demonstrou contrariedade com a venda de bebidas nos estádios já que o Estatuto do Torcedor proíbe essa comercialização. Parlamentares da Comissão Especial sobre o Consumo de Bebidas Alcoólicas preparam um movimento de protesto contra a proposta do relator e planejam levar faixas e cartazes ao plenário da Câmara para demostrar sua contrariedade.

O governo brasileiro e a entidade máxima do futebol estão em rota de colizão há pelo menos quatro meses. A Fifa não apenas quer autorizar a venda de bebidas nos estádios como defende que o produto disponibilizado seja unicamente dos patrocinadores do evento. O Estatuto do Torcedor proibiu a venda de bebidas para coibir a violência durante as partidas de futebol.

Mas o relatório do parlamentar petista também contempla outras propostas. A Fifa estará obrigada a oferecer 10% dos ingressos a preços promocionais (cerca de 300 mil entradas), o chamado Grupo 4 de ingressos. O valor ainda não está definido, mas terá que ser igual ou inferior a 50% do preço do segundo ingresso mais barato da Copa (Grupo 3). De acordo com Cândido, o valor das entradas especiais não será superior a R$ 50.

O principal ponto questionado pela Fifa quanto aos ingressos promocionais era a operacionalização da venda desses bilhetes. Como no Brasil existe uma dificuldade para a comercialização de ingressos pela internet, ficaria mais difícil a identificação dos beneficiários, como idosos, baixa renda e estudantes. "Convencemos a Fifa a retirar esses ingressos da Internet para vendê-los em pontos fixos", explicou Vicente Cândido.