A gravação de voz da caixa-preta do avião que caiu com o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), e outras quatro pessoas indica que o piloto fez duas tentativas de pouso no aeroporto de Paraty, no Sul Fluminense. A análise preliminar aponta que não houve pânico, pedido de socorro ou alarme sonoro na aeronave nos momentos que antecederam a queda. A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que a gravação não demonstrou “qualquer anormalidade” nos sistemas do avião, o que reforça a hipótese de desorientação espacial do piloto.O consultor Jorge Barros, piloto há 38 anos, afirma que, pelas informações disponíveis, o mais provável é que o piloto tenha sofrido uma desorientação espacial e, por isso, bateu no mar:— Quando você olha para fora da aeronave e vê as nuvens e o mar, um colado no outro, com cores praticamente iguais, não sabe o que é nuvem ou mar.De acordo com a TV Globo, o teto em que voava a aeronave era de apenas 60 metros. A gravação mostra que o piloto Osmar Rodrigues, uma das vítimas do acidente, disse que esperaria a chuva passar para pousar.

Foram gravados os últimos 30 minutos do voo. Neles, o piloto informa “estou indo para o setor Eco”, que na linguagem aeronáutica significa que a aeronave se aproximava da pista pela direção leste (east, em inglês). Em aeroportos sem torre de controle, como o de Paraty, os pilotos têm que avisar uns aos outros de onde cada um está vindo para evitar acidentes. Barros afirma que esse procedimento é feito cerca de cinco minutos antes do pouso.Sem relatar alteração na aeronave, Rodrigues tenta pousar pela segunda vez e diz: “Tô na final”. Barros explica que isso significa que o piloto alinhou o avião com a pista e está pronto para o pouso. Pelas regras da aviação, é proibido o piloto dizer que “está na final” sem visualizar a pista. A gravação registra depois o som do impacto do avião com o mar.