Caindo na real 

Carlos Augusto Balthazar

23/01/2017

 

 

As cidades do petróleo vivem uma nova realidade. Acostumados aos repasses dos royalties, alguns gestores não se deram conta de que uma grave crise financeira se instalava e continuaram a administrar como se ela não existisse.

Temos que ter consciência de que precisamos de um novo modelo de gestão pública, tamanha a crise que não só os municípios, mas todo o Estado do Rio, enfrenta. Como deputado, vivi essa realidade até 2016. Acredito que, para garantirmos uma boa governabilidade, é necessário que o novo gestor tenha consciência política, faça um enxugamento nas contas e veja a eficiência do poder público como um todo.

A adequação ao momento financeiro é primordial para que um bom gestor tenha êxito. Aqueles que conseguiram se manter de pé durante essa tormenta, foi porque tomaram medidas impopulares para um político e conscientes para um gestor disposto a trabalhar a favor dos bons serviços para a população.

Nessas primeiras semanas de governo como prefeito de Rio das Ostras, pude constatar que estou à frente do maior desafio da minha vida política.

Encontramos os cofres públicos vazios, uma folha de pagamento de aproximadamente 70% do valor arrecadado, dívidas altíssimas com fornecedores, aluguéis não pagos, servidores há três anos sem reposição salarial, falta de remédios e exames, equipamentos quebrados, prédios sem manutenção, a cidade suja e mal cuidada. Graves foram os erros da gestão anterior, o que, sem dúvida, comprometeu a saúde financeira de nossa cidade, inviabilizando investimentos importantes, principalmente nas áreas de saúde, educação e segurança pública.

Vamos trabalhar incansavelmente para retribuir essa confiança até recolocarmos Rio das Ostras de volta ao caminho do desenvolvimento. Medidas duras como o corte de cargos, funções e secretarias de governo já começaram a ser tomadas. Também já iniciamos a renegociação dos valores dos contratos com fornecedores e a redução da quantidade de imóveis alugados. Cortar gastos e aumentar receitas são nossos principais objetivos. Essas medidas já poderiam ter sido tomadas para que o caos financeiro fosse evitado. No entanto, foram negligenciadas.

Temos certeza de que não vai ser fácil, e esse começo será bem doloroso para todos. Também sabemos que a recuperação da cidade não será rápida como desejamos e que os desafios maiores serão a paciência, a perseverança e a compreensão das pessoas. Estamos só começando, mas trabalhando em conjunto com a sociedade civil, com os conselhos municipais, órgãos de classe e instituições civis e religiosas. Certamente, atingiremos um melhor resultado para resgatar a nossa antiga qualidade de vida e prestar serviços dignos à população de Rio das Ostras, como já fizemos anteriormente.

Somente através de uma gestão responsável, sem escolher o caminho mais fácil, porém sinuoso, e com muito trabalho conseguiremos colocar a cidade de volta ao rumo do crescimento.

O globo, n. 30485, 23/01/2017. Artigos, p. 13