Após almoço na residência oficial da Câmara, a bancada do PSD decidiu ontem fechar apoio à recondução do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao cargo de presidente da Casa e, desse modo, isolar a candidatura do correligionário Rogério Rosso (DF).
A formalização do apoio ao atual presidente da Câmara se dará hoje, depois de uma conversa do novo líder do PSD, Marcos Montes (MG), com Rosso.
Durante o encontro com Maia, os deputados do PSD ouviram que em sua chapa haverá lugar para o partido na Mesa Diretora, seja na Segunda, na Terceira ou na Quarta-Secretaria.
Os parlamentares também disseram que o presidente da Câmara indicou que o PSD poderá, futuramente, relatar projetos relevantes.
Outra promessa é que partido também vai participar das negociações sobre a escolha do novo líder do governo na Casa. “Queremos compor com ele (Maia)”, afirmou Montes.
A bancada divulgará hoje uma nota na qual destaca seu compromisso com a governabilidade e seu respeito a Rosso.
Na conversa com o ex-líder prevista para hoje, Montes deve enfatizar que a sigla deu tempo para o parlamentar se viabilizar politicamente e que, se ele quiser continuar na disputa, não terá o apoio da bancada.
Isolado no seu partido, Rosso afirmou que vai anunciar amanhã o futuro de sua candidatura.
Ele tem um acordo de apoio mútuo com o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), que está na disputa. Se desistir, a tendência é que passe a buscar votos para Jovair.
Rosso afirmou que, dos 37 deputados da bancada do PSD, 15 se reuniram com Maia no almoço de ontem. Segundo o deputado, o apoio a Maia não é unânime entre os colegas e que vai consultar a cúpula do partido antes de definir seu destino.
PSB. Com 34 deputados, a bancada do PSB na Câmara dos formalizou na noite de ontem o apoio do partido à reeleição de Maia. A formalização foi feita por meio de carta entregue ao parlamentar fluminense durante jantar do presidente da Casa com deputados da bancada do Ceará em um hotel em Fortaleza. / Colaborou Igor Gadelha
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Ricardo Galhardo
Quatro dias após o Diretório Nacional do PT orientar as bancadas na Câmara e no Senado a dar prioridade à participação do partido nas mesas das Casas, o Muda PT, grupo que reúne as cinco maiores correntes de esquerda da legenda, decidiu contrariar a direção. O grupo deu início a uma campanha para tentar constranger os parlamentares petistas e, assim, evitar que eles votem em candidatos que tenham apoiado o processo de impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff.
Sob o mote “petista não vota em golpista”, o Muda PT está fazendo ações na internet e plenárias para tentar impedir os parlamentares do partido de votar no atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tenta a reeleição, e em Eunício Oliveira (PMDB-CE), que disputa o comando do Senado.
Setores das bancadas argumentam que, sem o apoio aos dois integrantes da base do governo Michel Temer, será difícil fazer cumprir o critério da proporcionalidade que daria ao partido o direito de indicar nomes para as direções das Casas.
Em um texto tortuoso, o Diretório Nacional determinou que a prioridade são os cargos dirigentes e liberou as bancadas a votar em apoiadores do impeachment de Dilma.
‘Constrangimento’. “Nosso objetivo é ganhar a maioria nas bancadas e impedir o apoio aos golpistas. Até a eleição (na semana que vem) achamos que podemos acumular força para reverter a situação por constrangimento”, disse o secretário de Formação, Carlos Árabe, representante da Mensagem na direção petista. Questionado se a campanha do Muda PT contraria a decisão partidária, ele respondeu: “Contraria em termos, não é uma insubordinação”.
Segundo o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), a bancada se reunirá amanhã para decidir como se posicionar. “O movimento do Muda PT não coloca em risco a orientação da direção. É muito fraco”, disse Zarattini.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, não quis comentar se a posição do Muda PT configura infração disciplinar.