O Estado de São Paulo, n. 45024, 24/01/2017. Política, p. A7

PSD de Rosso dá apoio a presidente da Câmara

 
Daiene Cardoso

 

Após almoço na residência oficial da Câmara, a bancada do PSD decidiu ontem fechar apoio à recondução do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao cargo de presidente da Casa e, desse modo, isolar a candidatura do correligionário Rogério Rosso (DF).

A formalização do apoio ao atual presidente da Câmara se dará hoje, depois de uma conversa do novo líder do PSD, Marcos Montes (MG), com Rosso.

Durante o encontro com Maia, os deputados do PSD ouviram que em sua chapa haverá lugar para o partido na Mesa Diretora, seja na Segunda, na Terceira ou na Quarta-Secretaria.

Os parlamentares também disseram que o presidente da Câmara indicou que o PSD poderá, futuramente, relatar projetos relevantes.

Outra promessa é que partido também vai participar das negociações sobre a escolha do novo líder do governo na Casa. “Queremos compor com ele (Maia)”, afirmou Montes.

A bancada divulgará hoje uma nota na qual destaca seu compromisso com a governabilidade e seu respeito a Rosso.

Na conversa com o ex-líder prevista para hoje, Montes deve enfatizar que a sigla deu tempo para o parlamentar se viabilizar politicamente e que, se ele quiser continuar na disputa, não terá o apoio da bancada.

Isolado no seu partido, Rosso afirmou que vai anunciar amanhã o futuro de sua candidatura.

Ele tem um acordo de apoio mútuo com o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), que está na disputa. Se desistir, a tendência é que passe a buscar votos para Jovair.

Rosso afirmou que, dos 37 deputados da bancada do PSD, 15 se reuniram com Maia no almoço de ontem. Segundo o deputado, o apoio a Maia não é unânime entre os colegas e que vai consultar a cúpula do partido antes de definir seu destino.

 

PSB. Com 34 deputados, a bancada do PSB na Câmara dos formalizou na noite de ontem o apoio do partido à reeleição de Maia. A formalização foi feita por meio de carta entregue ao parlamentar fluminense durante jantar do presidente da Casa com deputados da bancada do Ceará em um hotel em Fortaleza. / Colaborou Igor Gadelha

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Grupo do PT vai contra decisão da direção

 

Ricardo Galhardo

 

Quatro dias após o Diretório Nacional do PT orientar as bancadas na Câmara e no Senado a dar prioridade à participação do partido nas mesas das Casas, o Muda PT, grupo que reúne as cinco maiores correntes de esquerda da legenda, decidiu contrariar a direção. O grupo deu início a uma campanha para tentar constranger os parlamentares petistas e, assim, evitar que eles votem em candidatos que tenham apoiado o processo de impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff.

Sob o mote “petista não vota em golpista”, o Muda PT está fazendo ações na internet e plenárias para tentar impedir os parlamentares do partido de votar no atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tenta a reeleição, e em Eunício Oliveira (PMDB-CE), que disputa o comando do Senado.

Setores das bancadas argumentam que, sem o apoio aos dois integrantes da base do governo Michel Temer, será difícil fazer cumprir o critério da proporcionalidade que daria ao partido o direito de indicar nomes para as direções das Casas.

Em um texto tortuoso, o Diretório Nacional determinou que a prioridade são os cargos dirigentes e liberou as bancadas a votar em apoiadores do impeachment de Dilma.

 

‘Constrangimento’. “Nosso objetivo é ganhar a maioria nas bancadas e impedir o apoio aos golpistas. Até a eleição (na semana que vem) achamos que podemos acumular força para reverter a situação por constrangimento”, disse o secretário de Formação, Carlos Árabe, representante da Mensagem na direção petista. Questionado se a campanha do Muda PT contraria a decisão partidária, ele respondeu: “Contraria em termos, não é uma insubordinação”.

Segundo o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), a bancada se reunirá amanhã para decidir como se posicionar. “O movimento do Muda PT não coloca em risco a orientação da direção. É muito fraco”, disse Zarattini.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, não quis comentar se a posição do Muda PT configura infração disciplinar.