Gravador de voz é encontrado nos destroços do avião, segundo FAB 
Eduardo Bresciani, Dicler de Mello e Souza, Juliana Castro, Vera Araújo e André de Souza 
21/01/2017
 
 
O estado do aparelho é desconhecido; não há informação sobre caixa preta

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou ontem que um gravador de voz foi encontrado nos destroços da aeronave que caiu em Paraty, litoral sul do Rio de Janeiro, na tarde de quinta-feira, matando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki e outras quatro pessoas.

Segundo a FAB, não há informações sobre o estado do gravador de voz nem sobre a existência de um gravador de dados (caixa preta). Segundo as regras da Agência Nacional de Aviação Civil, o avião não precisava ter nenhum dos dois equipamentos, devido a suas especificações.

A investigação das causas do acidente será conduzida pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Aeronáutica. Sete militares chegaram ao local do desastre na noite de quinta. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal também vão investigar. Alguns desses policiais federais e técnicos do Cenipa atuaram na apuração do acidente aéreo que matou, em 2014, o candidato à Presidência da República Eduardo Campos.

PILOTO EXPERIENTE

Gerente do Aeroporto de Paraty, Eber Dedini disse, em depoimento ontem, que o piloto Osmar Rodrigues fez uma comunicação às 13h25m de que estava a cinco milhas para o pouso. Eber disse ao delegado titular da 167ª DP (Paraty), Uriel Alcântara, que o piloto informou que o pouso seria feito na cabeceira 28, na extremidade da pista, do lado do mar. Não fez mais contato.

— Osmar teria que fazer outra comunicação explicando que já estava no solo. Se passaram mais de 10 minutos e nada de ele voltar a informar. Foi aí que começamos a suspeitar de que alguma coisa tinha dado errado — disse Dedini ao delegado.

Baseado no relato de um pescador, Dedini acha que a chuva forte forçou o piloto a baixar a altura da aeronave, na tentativa de ter uma melhor visibilidade, ficando muito próxima ao mar. Na curva feita para alinhar o avião para o pouso, a ponta da asa direita teria tocado a água, provocando o capotamento.

Dedini disse que conhecia Osmar há 16 anos, a quem chamou de “experiente” e “ótimo” piloto.

Segundo uma fonte da área de aviação ouvida pelo GLOBO, o piloto tentou se aproximar duas vezes do aeroporto para iniciar o pouso. Na segunda tentativa, um vento teria atingido o avião do lado direito. O piloto teria tentado retomar o controle da aeronave, mas com as péssimas condições do tempo acabou se chocando contra o mar. O bimotor ficou retorcido com o choque.

Em entrevista ao “Jornal Nacional”, um dos filhos do ministro, Francisco Zavascki, disse “torcer para que o acidente tenha sido acidental”:

— Não gostaria de ser órfão de pai assassinado.

Os corpos de Teori; do empresário Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, fundador do Grupo Emiliano e amigo do ministro; do piloto Osmar Rodrigues; da massoterapeuta Maíra Panas, de 23 anos; e de sua mãe, Maria Hilda Panas, de 55 anos, foram resgatados entre a madrugada e a manhã de ontem e levados para identificação no Instituto Médico Legal de Angra dos Reis.

O velório de Teori começa às 11h de hoje no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre. O enterro foi marcado para às 18h, no cemitério Jardim da Paz, com a presença do presidente Michel Temer.

O globo, n. 30483, 21/01/2017. País, p. 4