Governo quer uificar inteligência para combater facções criminosas 
Renata Mariz
17/01/2017
 
 
Só 2,8% das vagas em prisões, prometidas em plano de Dilma, foram abertas

-BRASÍLIA- O presidente Michel Temer anunciou que vai unificar a ação de todos os órgãos de inteligência no combate ao crime organizado. A informação foi dada pelo presidente ao blog do jornalista Gerson Camarotti, do G1. Para colocar a ideia em prática, Temer convocou uma reunião para esta terça-feira com representantes de 37 órgãos que compõem o sistema brasileiro de inteligência (Sisbin). Entre eles, estão Polícia Federal, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Forças Armadas, Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Receita Federal e Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf ).

A medida é uma reação às rebeliões violentas ocorridas no início do ano em presídios das regiões Norte e Nordeste. A intenção principal é conter o poder das facções criminosas que hoje comandam boa parte das penitenciárias brasileiras.

— Embora seja uma questão dos estados, a situação atual pode ser encartada na segurança de toda a nação. Por isso, quero que os órgãos de inteligência trabalhem nessa matéria para impedir a proliferação e atuação das facções — disse Temer ao jornalista.

A estratégia de Temer é usar a inteligência para ajudar os estados no enfrentamento ao crime organizado. A avaliação feita no Palácio do Planalto é que as facções estão muito organizadas, ditando ordens de dentro dos presídios. Por isso, a determinação é que haja um entrosamento entre as áreas de inteligência do governo para desarticular as facções.

Ao mesmo tempo, Temer quer dar prioridade à construção de cinco presídios federais no prazo de um ano. Ele vai conversar com governadores para que o mesmo modelo de construção pré-moldado seja adotado nos outros 25 presídios que serão construídos. A expectativa é que isso possa gerar, num curto prazo, mais de 30 mil novas vagas nos presídios do país.

Atualmente, apenas 2,8% das 42,5 mil vagas prometidas no último programa federal penitenciário, lançado em 2011 pela ex-presidente Dilma Rousseff, foram entregues. Com orçamento de R$ 1,1 bilhão, o Plano Nacional de Apoio ao Sistema Prisional emperrou. Das 92 obras financiadas, mais de um terço (34 delas) estão paralisadas. E 50 (ou 54% do total) não têm nem 10% de serviço executado, sendo que em nove casos a construção está na estaca zero, segundo relatório mais recente do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do Ministério da Justiça.

O globo, n. 30479, 17/01/2017. País, p. 4