Périplo pelos gabinetes do Senado 
Cristiane Jungblut, Maria Lima e Júnia Gama 
09/02/2017
 
 
Moraes faz defesa prévia de possíveis questionamentos

Indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes passou o dia ontem num périplo pelo Senado. Já em preparação para ser sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Moraes aproveitou para apresentar uma defesa prévia aos senadores sobre os pontos que imagina ser questionado.

Nas conversas com vários senadores, o indicado pelo presidente Michel Temer debateu e antecipou o que pode responder em pontos sensíveis de sua biografia. Uma preocupação é o fato de ter sido advogado do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso no âmbito da operação Lava-Jato. Em conversa com tucanos, Moraes disse haver um “preconceito” contra os advogados, que seriam parte fundamental do tripé do sistema jurídico, ao lado do Ministério Público (MP) e dos juízes.

— O MP acusa, o juiz julga e o advogado defende. Se fosse o (procurador-geral da República) Rodrigo Janot indicado, todo mundo adoraria. Se fosse o juiz Sérgio Moro, poderia sem problema, todo mundo ia achar bom. Mas, se é um advogado, é prejudicial. Esta visão não está correta — defendeu Moraes.

Nas conversas, Moraes lembrou que sua origem é o Ministério Público, área considerada intocável hoje em função da Lava-jato. Sobre ataques da oposição, o futuro ministro foi aconselhado a não cair em pegadinhas ou provocações.

Moraes esteve com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), e com o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL). Ele disse que pretende conversar com os 81 senadores. O ministro da Justiça licenciado brincou que não dava para conversar com todos os senadores no mesmo dia.

O globo, n. 30502, 09/02/2017. País, p. 4