Um dos principais aliados de Dilma Rousseff durante o processo de impeachment no Congresso, o PCdoB decidiu ontem apoiar oficialmente a candidatura à reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara.
A decisão foi tomada anteontem, após uma reunião da direção da legenda com a bancada – formada por 12 deputados – e informada aos líderes do PT e do PDT, que compõem o bloco de oposição.
O anúncio do PCdoB, na prática, esvazia a candidatura de André Figueiredo (PDT-CE), que tentava se colocar como o candidato da oposição. Enfraquece também a ala petista contrária ao apoio à reeleição de Maia.
Dono da segunda maior bancada da Câmara, o PT está dividido entre apoiar o deputado do DEM – e garantir cargos na Mesa Diretora da Casa – ou construir uma candidatura de esquerda, não necessariamente a de Figueiredo. “O Muda PT (grupo que reúne correntes de esquerda da sigla) indicou à bancada a construção de uma candidatura de oposição. Figueiredo é uma alternativa que vamos estudar”, disse a deputada Margarida Salomão (PT-MG).
Hoje, uma comissão de deputados petistas vai se encontrar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda não se manifestou sobre a disputa. Além disso, o Diretório Nacional do partido, que se reúne amanhã, em São Paulo, também deve opinar sobre a sucessão na Câmara. A tendência é de que a direção libere a bancada e cada deputado possa votar em quem quiser.
Ontem, o ex-ministro da Secretaria- Geral da Presidência Gilberto Carvalho, um dos homens fortes de Lula, divulgou um texto destinado a integrantes do partido no qual defende que o PT dê prioridade à ocupação de cargos na Mesa e em comissões da Câmara.
“Como dificultaremos com mais eficácia a atuação dos agentes do golpe? Acho que a resposta é óbvia: tendo participação adequada na Mesa, presidindo comissões e relatorias”, diz o texto de Carvalho que, até a semana passada, rejeitava o apoio a candidatos que votaram pelo impeachment de Dilma.
‘Unificar’. Ontem, o PCdoB comunicou ao PT a decisão de apoiar o atual presidente da Câmara. “Nós levamos essa decisão ao PT e ao PDT, que compõem a minoria. Avaliamos que é possível unificar as bancadas em torno de um nome. Maia apresenta as melhores condições de ser o ponto de aglutinação para fazer o parlamento funcionar com um mínimo de normalidade”, disse ao Estado Daniel Almeida (BA), líder do PCdoB.
Segundo o deputado, Maia teria se comprometido com uma “plataforma mínima” que se resume em três pontos: “respeito ao regimento, a pluralidade e o compromisso de não atropelar o funcionamento da Casa”.
Questionado sobre o fato de Maia ter apoiado o impeachment e defender bandeiras combatidas pelo PCdoB, como a Reforma Trabalhista, Almeida desconversou. “O PCdoB não abre mão da luta contra esse governo, em defesa do direito dos trabalhadores e reforma da Previdência.”
Aglutinação
“(Rodrigo) Maia apresenta as melhores condições de ser o ponto de aglutinação para fazer o parlamento funcionar com um mínimo de normalidade.”
Daniel Almeida
LÍDER DO PCDOB NA CÂMARA