O discreto interino 
Renata Mariz
08/02/2017
 
 
José Levi do Amaral, que assume a Justiça, esteve com FH e Lula A HORA DO COADJUVANTE

-BRASÍLIA- Enquanto Alexandre de Moraes chamava atenção por posições que provocavam polêmica em alguns setores, José Levi do Amaral, que assume interinamente o Ministério da Justiça, tem como marca a discrição. Procurador da Fazenda Nacional, chegou à pasta com Moraes em 2016 para ser secretário-executivo, mas tem larga experiência no Executivo federal e estadual, sob o comando, principalmente, de governos tucanos.

Passou pela Casa Civil da Presidência, no governo Fernando Henrique e início do mandato de Lula; pela Secretaria de Fazenda, na gestão de Aécio Neves, em Minas Gerais; foi assessor especial de José Serra, no governo de São Paulo; chefiou a assessoria jurídica da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência, na administração de Dilma Rousseff; e foi consultor-geral da União antes de assumir como número 2 no Ministério da Justiça.

Gaúcho de São Gabriel, casado e pai de um filho, Levi tem 40 anos. Transita bem no Congresso e nos tribunais superiores, segundo pessoas ligadas ao ministro interino. Além dos cargos no governo, é um acadêmico. Doutor e pós-doutor em direito, tornou-se, em 2008, professor da Universidade de São Paulo (USP), onde conheceu Alexandre de Moraes. Os dois davam aulas na instituição. Levi leciona também na pósgraduação de uma escola provada de Brasília.

A área de atuação acadêmica é o direito constitucional. Já publicou livros e artigos sobre democracia, processo legislativo, medida provisória e controle de constitucionalidade. Segundo amigos, ele não cultiva pretensão de permanecer no cargo, mas é cotado para assumir alguma área de assessoria jurídica, por ser considerado um bom quadro.

O globo, n. 30501, 08/02/2017. País, p. 4