Título: Fundações registram prejuízo
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 15/12/2011, Economia, p. 15

A crise global, que está levando a economia a girar em ritmo bem mais lento, ameaça também prejudicar os milhões de brasileiros que investem em fundos de previdência para assegurar uma aposentadoria mais tranquila. Tanto que, neste ano, a maior parte dos fundos de pensão não conseguirá cumprir a meta atuarial (rentabilidade mínima) por culpa das aplicações em ações. Neste ano, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) acumula perdas superiores a 18% e não há perspectiva de recuperação tão cedo, pois as turbulências na Europa tenderão a levar o mundo à recessão. Em 2008, quando houve o estouro da bolha imobiliária norte-americana, os fundos de pensão também computaram prejuízos.

O presidente da Funcef, o fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, Carlos Alberto Caser, admitiu que, mesmo com a entidade optando por deixar a maior parcela de seu patrimônio aplicada em títulos públicos, que estão pagando 11% ao ano, será muito difícil obter rentabilidade equivalente à inflação mais 5,5% ao ano.

Até outubro, a Funcef só conseguiu rentabilidade de 4,91% contra uma meta atuarial de 9,73%. Nesse dado não está incluído, por exemplo, a parcela correspondente aos imóveis, cuja valorização só ocorre no último mês do ano, com o fechamento do balanço. "É prematuro dizer que vamos ficar abaixo da meta atuarial", disse Caser. Ele lembrou que, em 2008, apesar de a bolsa ter registrado baixa de 40%, a Funcef ainda conseguiu alcançar rentabilidade de 1,5%. No ano passado, a valorização do fundo foi de 16,75%, bastante superior à meta atuarial.

Para 2012, que também será um ano difícil, Caser disse que Funcef continuará seguindo a estratégia de diversificação de riscos. "A pior hora para mudar os planos é durante as crises", afirmou. Nos investimentos de renda fixa, por exemplo, onde a Funcef aplica 49% dos seus recursos, a ordem é priorizar o crédito privado, que vem apresentando um retorno superior ao do crédito público. Como a fundação tem um colchão de liquidez correspondente a dois anos de pagamentos de benefícios, Caser disse que as movimentações, no próximo ano, serão pontuais. "Temos bala na agulha para não sair vendendo ativos na bacia das almas", assegurou.