Título: Produtos básicos contribuem
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 15/12/2011, Economia, p. 18

A crescente dependência da economia brasileira em relação às exportações de produtos básicos, como petróleo e minério de ferro, ficou explícita em determinados municípios, cujas atividades estão intimamente relacionadas à exploração de matérias-primas. A queda nos preços desses itens durante a crise mundial afetou negativamente, por exemplo, o desempenho de Campos dos Goytacazes (RJ) e Vitória (ES).

Segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a participação do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas) da cidade fluminense no total caiu de 1% para 0,6% entre 2008 e 2009, em virtude da variação do barril de petróleo extraído pela Petrobras. A capital capixaba também baixou o índice no período, de 0,8% para 0,6%, afetada pela queda no mercado de minério de ferro vendido pela Vale.

"Em 2009, o país estava sob o impacto da crise iniciada no fim do ano anterior. Essa influência foi maior sobre as cotações internacionais de produtos agrícolas e minerais", afirmou Sheila Cristina Zani, gerente da pesquisa do IBGE. Segundo ela, houve quedas de participação do PIB de certos municípios em razão de perdas na área industrial. As cidades paulistas de Guarulhos, São Bernardo do Campo, Barueri e Santos e, ainda, Betim (MG), registram redução de 0,1 ponto percentual cada uma.

Perfumaria Guarulhos enfrentou pequenas perdas de participação tanto na indústria como no comércio. As principais de São Bernardo do Campo foram na produção de artigos de perfumaria e cosméticos. No caso de Barueri, a variação negativa ocorreu, sobretudo, devido ao ganho de participação de São Paulo. Betim, onde está instalada a fábrica da Fiat, diminuiu sua fatia no PIB nacional após a retração do comércio, em especial no atacado de artigos siderúrgicos. Seu segmento industrial, contudo, aumentou.

No ranking nacional do PIB de municípios, os maiores ganhos de posição ocorreram nos paulistas Monções (de número 4.502 para 1.818), Brejo Alegre (de 4.334 para 2.373) e Borá (de 5.037 para 3.679). Todos se beneficiaram da produção maior de açúcar e álcool. Já as maiores quedas foram detectadas nos municípios mineiros de Albertina (de 3.554 para 5.162), em razão da queda do comércio atacadista do café em grão, e de Catas Altas (de 1.423 para 3.018), pela queda no valor da produção do minério de ferro, com o fechamento de algumas minas. (SR)