Título: BC antecipa PIB mais fraco
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 15/12/2011, Economia, p. 20

Índice que mede atividade econômica cai 0,32% em outubro e derruba estimativas para a produção em 2011 » O último trimestre do ano começou com a economia no vermelho. Segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), em outubro a produção do país encolheu 0,32% frente a setembro. O número surpreendeu o mercado, que esperava, no pior cenário, uma queda de 0,1%. Com o resultado negativo, cresceram as chances de que o indicador registre dois trimestres consecutivos de retração — de julho a setembro, ele teve queda de 0,36%. Nesse cenário, os especialistas começam a reduzir as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no país) em 2011 e podem derrubar a estimativa para menos de 2,8%.

Na avaliação do mercado, a dinâmica da indústria tem sido modesta e o setor de serviços e o comércio também entraram em desaceleração. "A fraqueza na indústria se deve a problemas de competitividade, enquanto a debilidade nas vendas no varejo vem de uma combinação de crédito ainda restrito com um aperto no orçamento das famílias causado por uma inflação mais elevada", observou Marcos Fernandes, economista do HSBC.

Consumo Todos esses fatores, segundo Luis Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Arab Banking Corporation (ABC Brasil), influenciaram o resultado negativo de outubro e devem fazer de novembro mais um mês fraco, no máximo com uma leve recuperação. "Apenas no último mês do ano veremos uma recuperação mais robusta", calculou.

Na visão de Leal, as ações de estímulo ao consumo, anunciadas pelo Ministério da Fazenda, e a decisão do presidente do BC, Alexandre Tombini, de retirar algumas das chamadas medidas macroprudenciais adotadas no fim do ano passado para frear a inflação devem fazer efeito, mesmo que pequeno, já em dezembro. Ainda assim, nada que possa levar o PIB a se expandir acima de 0,4% no último trimestre. Esse número, porém, ainda pode ser revisado para baixo. "Para o IBC-Br do trimestre não ficar negativo ou zerado, o país precisa crescer, na média, 0,6% nos últimos dois meses do ano — o que é impossível para novembro", afirmou Leal. Para 2012 a perspectiva é de um primeiro trimestre ruim e um segundo e terceiro de recuperação. "Somente no segundo semestre teremos números fortes", disse.

Deficit cambial A saída de dólares do país atingiu US$ 424 milhões nos primeiros nove dias de dezembro, segundo divulgou ontem o Banco Central. Em novembro, as remessas haviam alcançado US$ 942 milhões, volume bem superior aos US$ 134 milhões de outubro. Segundo o BC, o principal responsável pelo aumento da saída de divisas no início deste mês foi o chamado segmento financeiro, que registra operações como pagamento de dívidas e remessas de juros e dividendos. Essa conta ficou negativa em US$ 890 milhões, enquanto o movimento comercial (exportações e importações) teve saldo positivo de US$ 465 milhões no período.