Título: PGR analisa bens da família de Agnelo
Autor: Marcos, Almiro, Tahan, Lilian
Fonte: Correio Braziliense, 15/12/2011, Cidades, p. 32

Procurador-geral da República afirma que irá examinar a denúncia de suposto enriquecimento ilícito de dois irmãos do governador do DF. Defesa diz que opetista não beneficiou os familiares e que ele tem interesse em prestar esclarecimentos

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, vai pedir informações à Polícia Federal sobre suposta investigação da evolução patrimonial de familiares do governador Agnelo Queiroz. A PGR estuda abrir investigação para apurar denúncia de suposto enriquecimento ilegal de parentes de Agnelo na época em que ele era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Entre as suspeitas estão as relações do casal de empresários Glauco Alves Santos e Juliana Suaiden com o governador Agnelo Queiroz (PT) e seus parentes. Na tarde de ontem, o deputado federal Fernando Francischini (PSDB-PR) denunciou que, em fevereiro de 2008, Agnelo — então diretor da Anvisa — assinou autorização para o funcionamento de uma empresa pertencente a Glauco e Juliana, a Saúde Import.

Na mesma época, no entanto, Glauco tornou-se sócio de uma irmã de Agnelo. Juntos, Glauco e Anailde Queiroz Dutra compraram uma franquia de um restaurante que funciona em um shopping da cidade. Depois fizeram outra sociedade em mais uma franquia da mesma natureza. Anailde, junto a um outro irmão de Agnelo, Ailton Carvalho de Queiroz, ainda comprou de Glauco e Juliana uma confeitaria.

A sociedade entre Glauco e Juliana com familiares de Agnelo deu-se no mesmo período em que o casal conseguiu a autorização do próprio Agnelo, então diretor da Anvisa, para a Saúde Import — empresa de Glauco criada em 2005 — ter o direito de distribuir e importar produtos médicos. Glauco deixou a sociedade nos restaurantes em setembro de 2008, quando Anailde passou a tocar os negócios sozinha.

A casa onde Agnelo mora no Setor de Mansões Dom Bosco também foi vendida pelo casal Glauco e Juliana em março de 2007. O deputado Fernando Francischini quer ouvir os donos da empresa Saúde Import na Comissão de Fiscalização e Controle do Congresso. Para o parlamentar, trata-se de um "esquema de corrupção".

"Temos que reunir informações sobre os fatos denunciados na Isto É. Estamos numa fase de reunir informações para ver se há algum tipo de relação com as condutas que já são investigadas em inquérito no STJ ou se teremos que abrir uma outra investigação separada", afirmou Gurgel.

O advogado de Agnelo Queiroz, Luis Carlos Alcoforado, disse ontem que o governador "tem o maior interesse em esclarecer os fatos. Mas, até agora, apesar de todas as denúncias, ele ainda não foi ouvido pelas instituições legais. O que houve até agora foi especulação e denuncismo". O próprio Agnelo rebateu as denúncias: "Como se preocupar com uma provocação desse nível? Parlamentares sem condição de aparecer gostam de criar factoides para aparecer", afirmou o governador durante um evento no início da tarde.

Preso irmão de João Dias O irmão do policial militar João Dias, Luís Carlos Oliveira Ferreira, 44 anos, foi detido em uma blitz da PM na Vila Denocs, em Sobradinho. Ele seguia em uma Fiat Strada prata e escondia R$ 5.408 em espécie, US$ 55 e um revólver calibre .22. O delegado-chefe da 13ª Delegacia de Polícia, Daniel Gomes, informou que Luís Carlos assumiu a propriedade do dinheiro e do armamento. Ele acabou autuado por porte ilegal de armas. Quanto à quantia guardada, ele informou que se trata de parte de um empréstimo bancário, de R$ 12 mil, feito há um ano. Segundo ele, parte do dinheiro — R$ 9,5 mil — havia sido repassada a João Dias. Na semana passada, o irmão pagou R$ 10 mil. O revólver teria sido comprado em Unaí (MG) para defesa pessoal. João Dias é o delator do escândalo que derrubou o ministro do Esporte, Orlando Silva, acusado de receber propina.