Sinais de esperança

Aldo Gonçalves 
20/02/2017

 

 

O comércio inicia o ano um pouco mais otimista com as medidas anunciadas pelo governo para estimular a economia, que não resolvem a situação do setor, mas melhoram o ambiente de negócios e animam o consumidor, assustado com o desemprego.

Entre as medidas, pelo menos três devem contribuir para a melhoria das vendas. São elas a cobrança de preços diferenciados por um mesmo produto, com descontos de 5% ou mais para pagamentos à vista, o que também beneficia o consumidor; a diminuição do prazo de recebimento pelos lojistas das compras feitas com o cartão de crédito, que hoje acontece 30 dias após a venda, o que vai melhorar o fluxo de caixa das empresas; e o aprimoramento da regulamentação do trabalho temporário e do trabalho por jornada parcial.

Outra decisão importante que terá reflexo no comportamento do consumidor é a autorização para o trabalhador sacar as contas inativas do FGTS. Segundo o governo, a decisão vai injetar R$ 30 bilhões na economia este ano.

Tudo isso é animador. Mas não podemos perder de vista que, no caso específico do comércio, o setor vem sofrendo bastante os efeitos da desaceleração econômica — especialmente nos dois últimos anos, agravada pela crise política e embalada pelas denúncias de corrupção em diversas áreas, ampliada pela situação quase falimentar do Estado do Rio de Janeiro.

Efeito perverso desse quadro é que todas as datas comemorativas do comércio do ano passado, como Dia das Mães, Páscoa, Dia da Criança, dos Pais, dos Namorados e do próprio Natal — a maior de todas elas e responsável por um terço do faturamento anual do comércio — tiveram desempenho menor das vendas do que em 2015.

Conhecido pela sua capacidade de adaptar-se aos momentos desfavoráveis da economia, o comércio varejista é um dos bons exemplos nacionais de desempenho. Funciona como um dos motores que impulsionam a economia, fazendo girar a roda do seu crescimento, além de ser um dos maiores empregadores.

Neste cenário, quando a sociedade e os setores produtivos geram emprego, renda e fazem girar o círculo virtuoso da economia, é necessário reagir imediatamente para superar os obstáculos. É preciso buscar soluções que minimizem e deem fôlego às empresas para atravessar as turbulências e chegar em terra firme em condições de, pelo menos, manter os negócios e os empregos.

Não devemos esquecer que países fortes e ricos da Europa e os Estados Unidos tiveram no consumo uma das bases do seu crescimento. E aqui não pode ser diferente, principalmente com um mercado interno grandioso como é o nosso. O crescimento do consumo gera aumento de produção, movimenta a indústria, que, por sua vez, gera mais empregos e aumenta a arrecadação de impostos. E isso possibilita maiores investimentos em infraestrutura. É o chamado circulo virtuoso.

*Aldo Gonçalves é presidente do Clube de Diretores Lojistas do Rio e do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro

O globo, n. 30513, 20/02/2017. Artigos, p. 15