Aversão às reformas une CUT e Força Sindical

Rodolfo Costa

02/01/2017

 

 

 

Centrais sindicais originalmente rivais se juntam para programar ações contra mudanças trabalhistas e na Previdência. Ideia é ocupar Brasília, conversar com parlamentares e, caso nenhuma estratégia contenha as alterações, propor uma nova greve geral

 

 

A tramitação das reformas trabalhista e da Previdência no Congresso Nacional conseguiu juntar as duas principais centrais sindicais do país: a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical. Juntas, elas pretendem unir esforços com outras entidades para organizar um grande movimento de ocupação em Brasília contra a aprovação das duas propostas. A ideia é concentrar os próximos atos na capital federal. Em última instância, como cartada final, as mobilizações podem resultar em uma outra greve geral, mas mais duradoura.A paralisação da última sexta-feira não apenas foi considerada um sucesso, pelas centrais, como também deu o tom de que outros atos serão necessários para manter fortalecida a luta sindical contra a aprovação das mudanças na legislação, avaliam sindicalistas. Afinal, uma das reformas, a trabalhista, já passou pela Câmara e será discutida no Senado. Se aprovada sem alterações, vai direto para sanção presidencial.

As primeiras conversas para alinhar a força-tarefa das centrais devem ocorrer amanhã, em Brasília, afirma o vice-presidente da Força Sindical, Miguel Torres. “Na quarta-feira, faremos uma reunião para analisar os próximos passos”, disse. Além da entidade e da CUT, outras participarão das negociações: a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), a União Geral dos Trabalhadores (UGT) e a Nova Central.

Convencimento
O processo de convencimento e comunicação, no entanto, começa hoje. Torres, que é presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), se reunirá com representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC). “A ideia é chamarmos as entidades para conversar sobre os próximos passos para articular ações e fortalecer a luta. Como são representações de trabalhadores em importantes segmentos produtivos, temos a capacidade de agir de uma maneira mais rápida”, explicou o sindicalista.

Ainda hoje, algumas centrais costuram um encontro com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que declarou, na última semana, que a reforma trabalhista não passará na Casa. O objetivo das entidades é orientar os senadores a votarem contra a reforma. O trabalho de diálogo com os parlamentares que discutirão a reforma da Previdência é o primeiro passo antes da ocupação em Brasília.

Essas conversas serão fundamentais para o calendário de protestos. Quaisquer sinais de que as reformas passarão motivarão as centrais a convocar manifestações na Esplanada dos Ministérios antes das votações. Esgotadas todas as tentativas de frear as propostas, as entidades convocarão nova greve geral que pode durar dias, afirma Torres. 


PCO organiza caravana pró-Lula
Uma banquinha do Partido da Causa Operária (PCO) montada nas proximidades do Metrô Consolação, na Avenida Paulista, durante o ato de 1º de Maio promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), está colhendo inscrições para uma caravana com destino à cidade de Curitiba. A ideia é arregimentar o maior número de militantes e simpatizantes para uma grande manifestação na cidade, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ser ouvido pelo juiz Sergio Moro, sobre as denúncias do ex-presidente da OAS,  Léo Pinheiro, sobre caixa dois e favores pessoais e propinas. Além da organização da caravana, a banquinha do PCO vende livros, bótons e camisetas.

 

 

Correio braziliense, n. 19698, 02/05/2017. Economia, p. 5.