Pelos menos duas das sete mulheres que participaram da reunião na última quinta-feira relataram que se sentiram ameaçadas e pressionadas psicologicamente pela comissão do governo para aceitar um acordo. Desde o início do movimento do bloqueio dos batalhões, elas têm evitado identificar lideranças.

— O governo produziu um documento, uma ata, falando em acordo sem aumento, e queria nos obrigar a assinar, ameaçando até de prisão. Fui torturada psicologicamente — disse, sem identificar seu nome, uma das que participaram da negociação no Palácio da Fonte Grande. — Nos deixaram horas sem uma refeição.

A comissão do governo negou qualquer tipo de “tortura psicológica”. Além das sete mulheres que tiveram voz dentro da sala de reunião com a comissão de negociação do governo, outras 20 estiveram no sexto andar do palácio. Sem acordo, a reunião encerrou a negociação com as mulheres, e o governo partiu ontem para as tratativas exclusivas com as associações de policiais, que resultaram no acordo anunciado ontem.

O globo, n. 30504, 11/02/2017. País, p. 3