Por relatório, tropa de choque faz pressão para tirar Zveiter do PMDB

Cristiane Jungblut e Catarina Alencastro 

12/07/2017

 

 

Aliados de relator prometem ‘guerra’, caso ameaça seja levada à direção

Com o apoio do presidente Michel Temer, a tropa de choque do governo na Câmara pressiona a direção do PMDB para que o deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) seja punido ou até mesmo expulso do partido, após a apresentação do parecer favorável à denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Os peemedebistas mais próximos a Temer afirmam que o presidente está “furioso” e “indignado” com a postura do colega de legenda.

Em reação, Zveiter se articula com a bancada do Rio para evitar o isolamento. O deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ) enviou carta ao líder do PMDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP), prometendo “guerra” caso houvesse punição ao relator da denúncia na Comissão de Constituição e Justiça ou mesmo fechamento de questão na bancada do PMDB, formada por 63 deputados. O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) apresentou uma moção de solidariedade a Zveiter, com assinaturas de apoio na bancada estadual.

Nos corredores, aliados do Planalto chamam Zveiter de “subprocurador de Janot”. A expulsão de Zveiter é defendida abertamente pelo grupo mais próximo ao presidente, como os deputados Carlos Marun (PMDB-MS) e Darcísio Perondi (PMDB-RS). Já na segundafeira, Marun disse que Zveiter não tinha mais condição de permanecer no partido, sendo o primeiro a defender sua saída já na sessão de segunda-feira da CCJ, quando o peemedebista apresentou o parecer.

Na carta encaminhada ao líder Baleia Rossi, Pedro Paulo ameaçou sair do partido se Zveiter for expulso e rejeitou a possibilidade de fechamento de questão:

— Vamos para a guerra. Não vamos permitir fechamento de questão para toda a bancada, na Executiva. Não aceito patrulhamento para que defina o meu voto. Quando houve o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, não houve fechamento de questão — disse Pedro Paulo, que defende a definição rápida sobre a denúncia: — Não dá para ficar esperando. Não há hipótese de ser em agosto. O país não pode ficar esperando.

Apesar das críticas públicas que tem recebido do grupo de Temer, que protocolou voto no sentido contrário ao seu, Zveiter disse que não se sente isolado.

— Até o fim do meu mandato posso entrar aqui tranquilamente e exercer o meu trabalho e ninguém pode me isolar. Da porta do meu gabinete para dentro, quem manda sou eu — afirmou.

Sobre a possibilidade de o PMDB expulsar Zveiter, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, deputado Rodrigo Pacheco (MG), disse que seria um “absurdo qualificado".

O globo, n. 30655, 12/07/2017. País, p. 3