Para Temer, denúncia da PGR faz ‘injustiça’ com o Brasil

Leticia Fernandes, Eduardo Barretto e Gabriela Valente 

12/07/2017

 

 

Em discurso no Planalto, presidente diz que respeitará qualquer resultado

-BRASÍLIA- Um dia depois de sofrer derrota na Câmara, com a apresentação de relatório na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a favor da continuidade da denúncia, o presidente Michel Temer afirmou ontem que respeitará a decisão dos deputados sobre o seu futuro. Em discurso, no lançamento do Plano Safra, em Brasília, ele cobrou agilidade dos parlamentares e afirmou que o país precisa de “respostas rápidas". Temer disse que fez mais no governo, em um ano e um mês, do que se fez nos últimos 20 anos.

— A Câmara, nesta semana, não posso deixar de dizer isso, tem uma importantíssima decisão a tomar. Eu respeitarei qualquer que seja o resultado da votação — prometeu o presidente.

Para Temer, aqueles que querem tirá-lo do cargo têm como objetivo “paralisar o país” e voltou a afirmar que será “obediente” ao que os deputados decidirem na CCJ.

— Para não dizerem que não falei de flores, quero agradecer aos que, no dia de ontem, usaram da sua palavra, da sua oratória, da sua emoção, mas particularmente da sua indignação contra o que ouviram na comissão — afirmou, acrescentando que acatará a decisão da Câmara. — Quero dizer que estarei obediente a tudo aquilo que os senhores deputados decidirem, mas quero agradecer a eles porque, nas orações que fizeram, revelaram indignação com a injustiça, não só com o fato em si, mas com o que se faz com o Brasil, porque os que querem impedir que continuemos são aqueles que querem parar o país. Não vamos admitir isso, nós não vamos tolerar — disse Temer.

“A CARAVANA VAI PASSANDO”

Temer se vangloriou de estar conseguindo resistir no cargo, apesar do agravamento da crise política em função da prisão e das denúncias contra ex-assessores diretos, como é o caso de Rodrigo Rocha Loures, denunciado por corrupção pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em caso que o atinge pessoalmente. Temer também é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por organização criminosa e obstrução à Justiça.

— Há alguns poucos protestos, mas a caravana vai passando. Nós somos a caravana — comparou Temer.

Na solenidade, o presidente mandou um recado não apenas para os parlamentares, mas para o mercado financeiro, diante da avaliação deanalistas já trabalham com a possibilidade de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), assumir o governo.

— Convenhamos, às vezes eu vejo que “quando a economia vai bem, não precisamos de governo”. Precisamos, sim. Foi este governo que botou a economia nos trilhos.

Numa provocação à antecessora, Dilma Rousseff, Temer disse que o seu governo já fez mais coisas do que nos últimos anos.

— Registro mais uma vez minha satisfação, não exatamente por presidir a República brasileira, o que é um grande orgulho. Mas é o fato de presidila neste um ano e um mês e ter feito tanto pelo país como nunca se fez nos últimos 20 anos passados.

O globo, n. 30655, 12/07/2017. País, p. 4