Aliados: Maia não é líder do governo, mas está alinhado

Catarina Alencastro

12/07/2017

 

 

Deputado, porém, não teria como escapar do fato de ser substituto natural

-BRASÍLIA- Aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), têm dito que, apesar das “intrigas” de que ele já está se movimentando para assumir a Presidência da República no lugar de Michel Temer, ele tem conseguido se preservar no papel institucional e mantido o diálogo aberto com o Palácio do Planalto. Para um interlocutor de Maia, ele já passou no teste da conspiração, quando ficou claro que não tinha articulado a indicação de Sergio Zveiter (PMDB-RJ) para a relatoria da denúncia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Mas, segundo o mesmo interlocutor, Maia não tem como escapar do fato de que é candidato natural ao Planalto, caso Temer caia, por ser o primeiro na linha de sucessão.

Maia esteve na noite de segunda-feira com o presidente Temer, no Palácio do Jaburu, e tem mantido contato permanente com o ministro da Secretaria Geral, Moreira Franco, com quem tem uma relação familiar (Moreira é casado com a sogra de Maia). O DEM tem assumido a postura de fidelidade ao Planalto e afirma que será o último partido a abandonar o governo. Dos quatro membros do partido na CCJ, apenas um deve votar contra o governo, segundo contabilidade interna.

— O Rodrigo esteve com Temer para mostrar que está alinhado com o governo. Ele tem mantido o diálogo aberto com o Planalto, mas também não é o caso de ele assumir o papel de líder do governo. Esse papel é do Aguinaldo (Ribeiro) — disse um aliado do presidente da Câmara.

De acordo com esse interlocutor, Maia tem “desestimulado” conversas sobre a sucessão no Planalto, apesar de o assunto ser abordado constantemente por colegas.

Correligionários de Maia dizem que há muita especulação sobre os movimentos do deputado. Um amigo afirma que ele já deu provas de que não está fazendo jogo duplo.

— Quando Zveiter foi escolhido relator, surgiram especulações de que o Rodrigo tinha articulado isso. Mas, depois, ficou claro que não. Ali ele ultrapassou a fronteira da suspeita de conspiração. As pessoas têm dificuldade de entender que o Rodrigo não está fazendo campanha, mas ele é o candidato natural, em caso de queda de Temer — avaliou um assíduo frequentador da residência oficial da Câmara.

Outro integrante do DEM na CCJ conta que Maia o convenceu pessoalmente a votar contra a denúncia na comissão. Ontem, Maia pediu pressa na votação da denúncia, justamente o que o governo quer. (colaborou Cristiane Jungblut)

O globo, n. 30655, 12/07/2017. País, p. 5