Corretor diz que Bumlai negociou por Instituto Lula

Juliana Arreguy 

12/07/2017

 

 

Testemunha conta que tratativa sobre imóvel começou com pecuarista

-SÃO PAULO- O corretor de imóveis Nelson Seixas Gonçalves Júnior disse ontem ao juiz Sergio Moro que a compra do imóvel onde seria construída a sede do Instituto Lula foi negociada inicialmente com o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O corretor, ouvido como testemunha de defesa do advogado Roberto Teixeira, que intermediou o negócio, disse que a DAG Construtora surgiu como compradora no fim da negociação — a empresa presta serviços para a Odebrecht, e seu dono é amigo de Marcelo Odebrecht. Para o MPF, a DAG teria sido usada para esconder a participação da empreiteira no negócio.

Seixas relatou ter se encontrado duas vezes com Bumlai para discutir o aluguel do imóvel. Inicialmente interessado, o pecuarista desistiu da tratativa e indicou seu primo, Glaucos da Costamarques, para continuar com a negociação:

— Ele (Bumlai) falou que estava passando o negócio para o primo dele, o senhor Glaucos da Costamarques, que era cliente do escritório de Roberto Teixeira e tinha interesse na área imobiliária.

O corretor contou que o negócio foi fechado com Costamarques, que, no fim da negociação, incluiu a DAG. Ele disse nunca ter se encontrado com Demerval de Souza Gusmão Filho, diretor da empresa e réu na ação:

— Quando foi feita a minuta do contrato com as condições do negócio havia uma cláusula onde ele (Costamarques) outorgaria a escritura para ele ou a quem ele indicasse. E a DAG aparece na minuta final da escritura cerca de 20 dias antes da efetiva concretização do negócio. Isso (o valor do imóvel) foi pago ao chefe administrativo no ato da escritura e foi aí que apareceu a DAG.

O globo, n. 30655, 12/07/2017. País, p. 6