Título: Trava governamental
Autor: Caprioli, Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 07/12/2011, Economia, p. 11

A disposição menor do governo para gastar contribuiu com a estagnação da economia entre julho e setembro, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O consumo da máquina pública caiu 0,7% em relação ao trimestre imediatamente anterior, maior retração desde 2009. O que poderia ser uma boa notícia, porém, esconde um apanhado de distorções. Os dados mostram que o encolhimento das despesas ocorreu às custas do sacrifício de investimentos, que caíram 3,7% entre janeiro e outubro, ao passo que a gastança com o custeio da administração federal avançou 10,6%.

Para completar, a carga de impostos não aliviou o bolso dos brasileiros, que viram o conjunto de tributos crescer mais que o próprio Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre. Os números apontam um avanço de 3% em relação ao mesmo período de 2010. Nessa comparação, a expansão da economia não passou de 2,1%. Felipe Queiroz, analista da agência de classificação de risco Austin Rating, destacou que a composição é desfavorável a longo prazo. "Reflete algum controle de gastos, mas o volume de investimento caiu, o que nos fez revisar a estimativa de crescimento do PIB anual de 3,6% para 3%", disse.

Embora a contenção de gastos na boca do caixa tenha sido feita para evitar a escalada da inflação, o economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano, destacou que o esforço pode ter sido em vão. "Acredito que a desaceleração da economia não é forte o suficiente para trazer a inflação para baixo, de forma consistente", ponderou. (Colaborou Victor Martins)