Título: Dengue avança no DF
Autor: Thaís Paranhos
Fonte: Correio Braziliense, 07/12/2011, Cidades, p. 23

Os casos de dengue continuam crescendo no Distrito Federal. Os registros da Secretaria de Saúde do DF aumentaram de 6.252, entre janeiro e o início de novembro, para 6.493 até 3 de dezembro deste ano. O índice representa uma evolução de 3,8%. Segundo o último boletim do órgão, o número de ocorrências da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti subiu 276,8% em 2011, se comparado ao mesmo período de 2009 — a confronto de dados não pode ser feito em relação ao ano passado, quando foi registrado um surto da moléstia. Samambaia e Planaltina apresentam a maior quantidade de casos e demandam atenção especial da secretaria.

Todas as regiões administrativas apresentaram um acréscimo no número de ocorrências entre 2009 e 2011, exceto o Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), que permaneceu sem registrar nenhum caso. e Varjão e Itapoã registraram queda. A secretaria não conseguiu conter o aumento em cidades consideradas críticas. No Lago Norte, as ocorrências saltaram de 0 para 13. No Jardim Botânico e no Park Way, de 0 para cinco.

Para impedir um aumento ainda maior de contaminações e evitar um surto, o técnico da Subsecretaria de Vigilância à Saúde Ailton Domício da Silva adiantou que o órgão tem intensificado as ações educativas e realizará a 4ª semana de prevenção a partir de 12 de dezembro. Os funcionários farão a limpeza de áreas e recolherão objetos que podem servir como criadouros do mosquito. "Estamos realizando um trabalho efetivo, mas é importante ressaltar que o proprietário é quem deve tomar conta da casa e evitar a proliferação do vetor", defendeu. De acordo com Silva, a secretaria não trabalha com a possibilidade de ocorrência de um novo surto. "Segundo o Ministério da Saúde, estamos em situação de alerta, mas próximos de alcançar o índice satisfatório", explicou.

O ajudante de pedreiro Altamir Antônio de Oliveira, 32 anos, mora em Samambaia, região administrativa que registrou o maior número de casos confirmados até o momento, 208. Técnicos da Secretaria de Saúde estiveram na tarde de ontem na casa de Altamir para verificar as condições do local e evitar o acúmulo de água parada. "Eles vieram aqui e olharam tudo, não acharam nenhum foco do mosquito", garantiu.

O mecânico Domingos Lopes dos Santos Filho, 47 anos, — também morador da região com o maior número de casos confirmados da doença — adotou medidas preventivas para evitar a doença. No terreno onde mora, até um ano atrás, funcionava uma borracharia e ainda há muitos pneus espalhados pelo lote. Domingos trabalha com materiais de ferro e guarda muitos objetos na área externa da casa. "Eu cubro os pneus para evitar que eles acumulem água da chuva. A vigilância esteve aqui e não precisou colocar remédio", indicou o mecânico.

Na Asa Sul, o número de registros também aumentou. Em 2009, foram seis casos confirmados contra 24 neste ano. Preocupada com os números, a aposentada Edna de Souza Silva, 64 anos, moradora da 712 Sul, faz o que pode para evitar que o mosquito chegue à casa da família. "Tenho plantas na lateral do terreno, mas elas ficam em vasos com terra e não tenho jarros no quintal", contou. Edna explica que sempre vistoria no jardim para evitar o acúmulo de água parada. "Também não guardo objetos, jogo tudo fora. Mas é muito preocupante. A gente cuida da casa, mas será que o vizinho faz o mesmo?", questiona.

Números da doença Casos - 2009 - 2010 - 2011 Notificados - 1.723 - 20.254 - 6.493 Confirmados - 463 - 12.426 - 1.469