Maia: reforma voltará à pauta

Rosana Hessel

31/05/2017

 

 

CONJUNTURA » Presidente da Câmara garante que votação das mudanças na aposentadoria ocorrerá antes do fim do primeiro semestre. Em encontro com empresários, Temer diz que não pretende permitir o avanço dos movimentos populistas

 

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), minimizou a crise política e garantiu a centenas de empresários presentes no Brasil Investment Forum (BIF), em São Paulo, que a reforma da Previdência voltará à pauta da Casa, “nas próximas semanas”. Segundo ele, isso vai ocorrer “com certeza antes do fim do primeiro semestre”.

Na opinião de Maia, não há razão para um país sério não avançar nessa agenda. “Não podemos esticar muito este assunto, não. Acho que é importante votar”, afirmou. Segundo ele, o país pode contar com a Câmara e com o presidente do Senado, Eunício Oliveira, para falar a verdade aos brasileiros e acabar com a demagogia e o populismo. “Sem a reforma da Previdência, não haverá um futuro digno para os brasileiros”, disse.

Eunício Oliveira reforçou as declarações de Maia e defendeu a agenda de reformas como forma de construir as bases para a retomada do crescimento econômico do país. “O Congresso segue adiante para encontrar o caminho do desenvolvimento”, afirmou.

 

Populismo

No mesmo encontro, o presidente Michel Temer reforçou que não pretende permitir o avanço de movimentos populistas. “Nosso governo devolveu ao Brasil o caminho do desenvolvimento e desse caminho não nos afastaremos. “Não permitiremos colocarem em risco o presente e o futuro dos brasileiros”, disse. Na avaliação de Temer, o país está enfrentando uma crise e vai sobreviver ao momento turbulento atual. “O Brasil é inquebrantável”, resumiu.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reforçou a ideia de que, após 12 meses do governo Temer, o país está diferente, com regras estáveis, inflação baixa, juros em queda e maior previsibilidade. Para Meirelles, aumentou a consciência no Congresso da necessidade de se aprovar as reformas. Ao falar da Previdência, o ministro disse que o Brasil está fazendo a reforma na hora certa, para evitar o que aconteceu em outros países em que os governos não conseguem bancar as despesas com aposentados. Ele voltou a afirmar que o governo não tem um plano B para a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera as regras da Previdência.

 

Sem opção

Como Meirelles, o titular da pasta do Planejamento, Dyogo Oliveira, disse a investidores que o país não tem opção que não seja a continuidade das reformas, como a trabalhista e a da Previdência. “As reformas que o Brasil precisa são as mesmas há três semanas, há duas e hoje”, afirmou.

Em Brasília, a equipe da Fazenda tenta com números sensibilizar os parlamentares para o impacto negativo para a economia caso as mudanças na aposentadoria não prosperem no Congresso Nacional. Projeções feitas pela equipe do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e apresentadas aos deputados e senadores apontam que a cotação do dólar poderá chegar a R$ 3,60, sem aprovação da reforma. E o desemprego, que, com as alterações na lei, cairia para 12,5%, se manterá em 14%. Num cenário sem a aprovação da reforma, a equipe econômica prevê que o crescimento da economia de 2018 ficará em torno de 1%, bem abaixo dos 2,5% projetados.

 

 

Correio braziliense, n. 19727, 31/05/2017. Economia, p. 10.