Pressão por mudanças 
Geralda Doca
14/02/2017
 
 
Parlamentares querem alterar regra de transição e benefícios para mulheres com filhos

-BRASÍLIA- Começam a ganhar força no Congresso Nacional três alterações na reforma da Previdência, sugeridas pela própria base governista. Uma delas muda de forma substancial o texto original, ao incluir na fase de transição todos os trabalhadores que já estão no mercado, deixando somente para os novos a exigência de idade mínima de 65 anos, por exemplo. Outras duas pretendem dar tratamento diferenciado para policiais civis que exerçam efetivamente atividade de risco e para mulheres com filhos, assegurando a elas um benefício maior em relação aos homens. No contra-ataque, técnicos da equipe econômica vão destacar os efeitos no conjunto de medidas na economia. Um dos argumentos é que a reforma trará um reforço de 3,1 pontos percentuais no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em um período de dez anos.

Estudo inédito do Ministério do Planejamento ao qual O GLOBO teve acesso aponta que esse crescimento de 3,1 pontos percentuais vai significar uma injeção de R$ 45,5 bilhões na economia, considerando apenas 2018 e 2019. Ele decorre principalmente do fato de que, com a reforma, boa parte da população deixará de se aposentar e permanecerá incorporada ao mercado de trabalho. As projeções indicam que um universo de 2,179 milhões de pessoas, entre 45 anos e 57 anos, permanecerão no mercado por causa das mudanças.

A proposta de reforma do governo afeta todos os trabalhadores com menos de 50 anos (homens) e 45 anos (mulheres). Quem estiver acima dessa faixa etária será enquadrado na regra de transição e poderá se aposentar pelas normas atuais, pagando pedágio de 50% (adicional sobre o tempo que falta). Um dos principais objetivos da reforma é elevar a média de idade de quem se aposenta, atualmente em 58 anos. De acordo com o estudo, a exigência fará com que essa idade média suba 2,5 meses a cada ano, com efeito progressivo.

O globo, n. 30507, 14/02/2017. Economia, p. 15