Título: Resistência dos suecos
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Fonte: Correio Braziliense, 09/12/2011, Economia, p. 11
– Os esforços da Zona do Euro em introduzir um pacto fiscal na decisiva reunião de líderes iniciada ontem já esbarram na recusa da Suécia, antecipada ontem pelo primeiro-ministro do país, Fredrik Reinfeldt, e despertam a desconfiança dos analistas de mercado quando a efetividade da iniciativa. O clima de tensão é maior do que poderia se prever. A apreensão generalizada foi manifestada pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy. "O risco de que a Europa exploda nunca foi tão grande", disse. A seu ver, a União Européia possui apenas "algumas semanas" para sair da crise ou afundar de vez.
"A Europa nunca foi tão exigida e nunca correu tanto perigo," resumiu Sarkozy, em Marselha, no sudeste da França, durante um Congresso do conservador Partido Popular Europeu (PPE). Presente no encontro, o presidente da comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, alertou para a necessidade de se fazer "tudo o que for possível" paga garantir a irreversibilidade do euro. Apesar dos apelos de Sarkozy e Barroso, o premie sueco disse que não apoiará as mudanças dos tratados da União Européia propostos por Alemanha e França com a finalidade de endurecer a disciplina fiscal na Zona do Euro.
O presidente da EU, Herman Van Rompuy, por sua vez, propõe que se dê ao mecanismo de estabilidade financeira, que substituirá o fundo de resgate europeu, os mesmos poderes de um banco, o que lhe permitiria pedir dinheiro ao Banco Central Europeu (BCE) e relançar o debate da emissão de eurobônus, a fim de pulverizar a divida dos paises do bloco.
Sinais sutis
Para Frederik Ducrozet, economista do banco francês Crédit Agricole, o acordo dos 17 países membros da Zona do Euro sobre regras orçamentárias mais rígidas é a garantia para o BCE de que haverá um pacto fiscal, o que lhe permitiria nos próximos dias enviar sinais sutis para definir qual será seu futuro papel. Segundo Ducrozet, o custo do fim do bloco do euro, mesmo que parcial, seria muito maior que o custo de seu resgate.
Pelo sim ou pelo não, alguns dos bancos centrais na Europa já começaram a preparar planos de contingência para a possibilidade de países da Zona do Euro saírem do bloco – ou de a união monetária se romper totalmente. Os primeiros sinais que estão vindo à tona. Os bancos centrais estão pensando sobre como ressuscitar moedas com base em notas que não são impressas desde que os primeiros euros entraram em circulação, em janeiro de 2002, informou o The Wall Street Journal. O BC da Irlanda é um dos que já avaliam a eventualidade de ressuscitar a antiga moeda do país.