Candidatos na Câmara viajam a São Paulo para cortejar Alckmin

Fabio Murakawa

10/01/2017

 

 

Os três principais candidatos à presidência da Câmara fazem nos próximos dias uma ofensiva para na busca de angariar o apoio do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. A eleição ocorre no dia 2 de fevereiro.

O governador paulista, que saiu fortalecido das eleições municipais no fim do ano passado, recebe nos próximos dias o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), e Jovair Arantes (PTB-GO), também líder de seu partido.

O PSDB tem 48 deputados federais, dos quais 13 são de São Paulo. Enquanto os dois últimos apostam na divisão do partido - uma vez que Maia já teria conquistado o apoio do senador Aécio Neves (MG) e do chanceler José Serra, ambos rivais de Alckmin na corrida pelo Planalto em 2018 - Maia luta para manter os tucanos unidos em torno de sua candidatura.

O atual presidente da Câmara tem reunião marcada para segunda-feira com o governador, segundo um aliado de Alckmin. Maia, que ainda não se lançou oficialmente candidato, permanece em Brasília desde ontem como presidente interino, por conta da viagem do presidente Temer a Portugal. Segundo sua assessoria, ele não tem compromissos políticos ou viagens previstas para os próximos dias. Para hoje, tem agendada uma audiência com o governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB), no Palácio do Planalto.

Jovair, por sua vez, faz hoje o lançamento oficial de sua campanha, em um evento na Câmara ao qual Rosso promete comparecer, "em sinal de amizade". Depois, parte para uma extensa agenda de viagens, que começa amanhã por Campo Grande e Cuiabá. Na quinta-feira, ele vai a Curitiba e, na sexta, a São Paulo. No sábado, Jovair vai a Florianópolis e, no dia seguinte, a Porto Alegre.

Em todos esses compromissos, a ideia de Jovair é se encontrar com o governador do Estado, o prefeito da capital e deputados federais. No caso de São Paulo, Jovair irá acompanhado do governador Marconi Perillo (PSDB), seu aliado e do mesmo partido do paulista Alckmin.

Com Maia ampliando sua rede de apoios, e aparentemente na frente dos demais na disputa, a principal estratégia de Jovair tem sido apontar a instabilidade que representa a candidatura do atual presidente da Câmara. O regimento da Casa proíbe a reeleição do presidente em uma mesma legislatura. Maia, porém, diz que a regra não aplica a ele, por exercer um mandato tampão.

O Solidariedade e o PDT entraram com ações no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a candidatura de Maia. A Corte, porém, só decidirá sobre o tema em plenário após a eleição na Câmara. Jovair tem dito que, por conta disso, Maia será um presidente "sub judice", caso eleito.

Ontem, Rosso lançou oficialmente sua candidatura desde o Recife, por meio de uma transmissão ao vivo no Facebook. Segundo ele, essa foi a maneira mais democrática de se comunicar com os brasileiros, além de "prezar pela simplicidade".

Rosso fez o pronunciamento, que durou mais de meia hora, trajando uma camisa da Chapecoense, clube que perdeu praticamente todo o elenco em um desastre aéreo na Colômbia, no final do ano passado. Justificou a escolha do traje com o fato de que a equipe conseguiu "unir o país", assim como pretende fazer com sua candidatura, para que o Brasil possa "superar a grave crise econômica" que enfrenta. E disse ter ganhado o uniforme do deputado João Rodrigues (PSD-SC), que é ex-prefeito de Chapecó.

A candidatura do deputado, que é líder do PSD, enfrenta resistências dentro do próprio partido, que participa com postos chave no governo Michel Temer. Na visão de parte de seus correligionários, o ideal seria apoiar Maia, visto como o candidato do presidente Temer.

Tentando demonstrar sintonia com o presidente da República, no entanto, Rosso defendeu em seu pronunciamento a PEC do Teto dos Gastos, aprovada no fim do ano passado pelo Congresso, e a agenda de reformas, que é prioridade do governo para o próximo ano. Dentre elas, a reforma da Previdência, mas ponderou que "do jeito que chegou à Câmara, não será aprovada".

Rosso viaja amanhã para São Paulo, onde fica até sexta-feira. Ontem, ele ainda tentava agendar encontro com o governador paulista.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4170, 10/01/2017. Política, p. A6.