Suíça bloqueia contas ligadas a Lobão

Jamil Chade

24/02/2017

 

 

Ministério Público de país europeu apura se bancos foram usados para receber propina; presidente da CCJ do Senado é alvo na Lava Jato
 
 

O Ministério Público da Suíça investiga se contas em bancos do país ligadas ao senador Edison Lobão (PMDB-MA) foram usadas para receber propina. Os recursos foram bloqueados preventivamente enquanto o processo transcorre.

Lobão é alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) relacionados à Operação Lava Jato. Ele foi citado em delações como um dos beneficiários do esquema de desvio de dinheiro na Petrobrás ao lado de outros nomes do PMDB. Também é investigado por irregularidades nas obras das usinas de Angra 3 e Belo Monte. Na época, ele era ministro de Minas e Energia do governo de Dilma Rousseff.

A defesa do senador, que atualmente preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, nega as irregularidades.

Segundo o Estado apurou, foi o próprio banco suíço que, após o nome de Lobão aparecer na Lava Jato, optou por comunicar as autoridades do país europeu.

As contas, no entanto, não estão em nome do senador, mas de pessoas e empresas ligadas a ele, segundo um procurador que acompanha o caso. O que chamou a atenção dos investigadores é que parte das transferências ocorreu sem qualquer tipo de justificativa, o que acendeu sinais de alerta entre os serviços de monitoramento.

Controladores das contas procuraram a Justiça da Suíça para tentar impedir o compartilhamento de informações sobre a movimentação bancária com autoridades brasileiras.

Por duas vezes, no entanto, os tribunais suíços rejeitaram os recursos apresentados.

Mesmo após a recusa, os documentos e extratos não foram repassado ao Brasil porque o processo ainda está em andamento na Suíça. O Ministério Público da Suíça optou por manter bloqueadas as contas até que seja esclarecida a origem.

 

Repatriação. Esgotados todos os procedimentos legais, a esperança de procuradores brasileiros é de que o caso seja enviado ao Brasil, a exemplo do que já ocorreu no processo do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Para que haja uma repatriação do dinheiro, porém, os envolvidos precisam ser condenados em última instância ou fechar um acordo de delação em que estejam de acordo a devolver os recursos.

Procurado, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Lobão, não respondeu aos contatos até a conclusão desta edição.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45055, 24/02/2017. Política, p. A8.