Presidente da Casa ganha apoio do PSB e do PSD

24/01/2017

 

 

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), consolidou ontem aliança com mais dois partidos da base que planejavam lançar candidato próprio na eleição para o comando da Casa. O PSB, que cogitava concorrer com Júlio Delgado (MG), anunciou oficialmente apoio em uma carta do líder em exercício, Tadeu Alencar (PE), dizendo que é preciso uma concertação entre os Poderes para tirar o país da crise econômica.

Um dos partidos que compunham o Centrão, bloco formado em torno do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o PSD deverá oficializar hoje a aliança. Quinze deputados almoçaram ontem na residência da presidência da Câmara para discutir os termos do acordo.

A bancada deverá ficar com a 4ª secretaria da Casa, que cuida da distribuição de apartamentos funcionais, e recebeu a promessa de ocupar cargos e relatorias importantes, o que não ocorreu na atual gestão de Maia - o líder do partido, Rogério Rosso (DF), disputou a eleição em julho pa-ra o mandato tampão e perdeu.

Rosso quer ser candidato de novo, mas pessedistas dizem que ele não conseguiu construir uma candidatura competitiva. "O partido sempre o apoiou e está apoiando até o momento, mas precisa estar ao lado de uma candidatura viável e a dele não mostrou chances de vitória", afirmou o deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA).

Mesmo um dos principais aliados de Rosso, o deputado Thiago Peixoto (GO), defende que ele mostre desprendimento. "Se a decisão fosse pessoal, votaria nele. Mas seguimos a liderança dele por dois anos e seria um sinal de grandeza se agora ele também seguisse a maioria", afirmou. Procurado, Rosso disse que pretende consultar a bancada e o partido antes de tomar uma decisão.

O presidente nacional e ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, e o futuro líder da legenda na Câmara, deputado Marcos Montes (MG), já estão fechados com Maia e o partido nem vai conversar com o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), que também está disputa a eleição e foi um dos principais integrantes do Centrão junto com Rosso.

"A maioria já tem uma posição. Falta falar com uns três deputados que estão no exterior e se tudo correr bem a gente anuncia amanhã [hoje]", disse Montes. Maia viajará para Uberaba, cidade do futuro líder do PSD, e depois segue para Belo Horizonte, onde se reunirá com um grupo de deputados e deve ocorrer a confirmação do apoio.

Maia também está próximo de fechar com o PT após o diretório nacional autorizar na sexta-feira o apoio a candidatos da base do governo em troca de mais espaço na Câmara - ou de não ficar isolado, argumentam petistas favoráveis ao acordo. A legenda se reunirá hoje para avaliar se aceita os termos do atual presidente: a segunda secretaria, responsável pela emissão de passaportes diplomáticos e prêmios, ou terceira, que libera o reembolso de passagens aéreas e abona faltas.

É menos do que ofereceu Jovair, que prometeu aos petistas a primeira secretaria, responsável por autorizar as despesas e licitações, além de possuir número maior de cargos para alocar aliados. Mas o PT avalia que mais vale garantir o espaço do que apostar no candidato petebista e novamente ficar sem assento na Mesa.

A aliança com o deputado André Figueiredo (PDT-CE) está descartada e o pedetista, caso não desista, deve disputar apenas com apoio do próprio partido já que o Psol planeja lançar candidato próprio e o resto da oposição tende a fechar com Maia.

O PSB, por sua vez, anunciou ontem o apoio à reeleição de Maia, candidato que já teve os votos do partido em julho. "É forçoso reconhecer que Vossa Excelência, mesmo em meio à sucessão de crises, vem exercendo com responsabilidade o mister que lhe foi confiado pela maioria dos deputados que lhe elegeram para exercer um mandato suplementar e o fez com diálogo, hábil articulação e inegável autoridade política para conduzir os trabalhos no parlamento", afirmou o líder em exercício em carta.

Entre os compromissos para a reedição da aliança com o deputado do DEM estão que a reforma da Previdência e trabalhista sejam amplamente discutidas e que ocorra uma distribuição "equitativa de relatorias de matérias importantes".

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4180, 24/01/2017. Política, p. A6.