Presidente monitora eleição das Mesas

Andrea Jubé

26/01/2017

 

 

Enquanto não define o sucessor do ministro Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal, o presidente Michel Temer acompanha de perto a eleição para as Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado. Ele se reuniu com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), candidato à reeleição, e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que se movimenta para retornar à liderança da bancada, após quatro anos no comando da Casa.

Temer ainda não escolheu o novo ministro do Supremo e quando o fizer, não tornará o nome público enquanto a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, não anunciar o novo relator da Operação Lava-Jato. Temer e Cármen Lúcia estão próximos: ontem eles se falaram por telefone. Cármen queria agradecê-lo pelo empenho da Aeronáutica na operação relativa ao resgate dos corpos e na recuperação da caixa-preta do avião em que viajava o ministro Teori.

Enquanto não sacramenta a escolha, Temer monitora a sucessão nas duas Casas, preocupado com o avanço das reformas da Previdência Social e trabalhista no Congresso. O governo tem pressa na aprovação das matérias e quer aprovar a reforma previdenciária até junho no Senado, ou mais tardar, até agosto.

A eleição nas duas Casas foi discutida em jantar no Palácio do Jaburu, na noite de terça-feira, que reuniu Temer, Renan, Rodrigo Maia, o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR) e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Sobre a disputa na Câmara, a avaliação no Planalto é de que Rodrigo Maia arregimentou apoio suficiente para ser reconduzido ao comando da Câmara. Ele tem os votos das maiores bancadas: PSDB, PMDB, PR, PSD e de uma parcela da oposição, como PCdoB, além de negociar o apoio do PT (ver abaixo).

Mas o Planalto não despreza o poder de fogo do líder do PTB, Jovair Arantes (GO), que busca o apoio do PP, tem dissidentes de várias bancadas do seu lado e se fortalece com a desistência de Rogério Rosso (PSD-DF).

Mesmo se, ao fim e ao cabo, Jovair sair derrotado da disputa com Maia - porém, com uma votação expressiva -, ele tem chance de assumir o Ministério do Trabalho no lugar do correligionário Ronaldo Nogueira, que voltaria ao exercício do mandato na Câmara. O que o Planalto não quer, após a eleição, é ver a base dividida, comprometendo a votação das reformas.

No Senado, o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), é o franco favorito para suceder Renan na presidência, e já costurou acordos com a maioria das bancadas. Mas Renan pode ter de enfrentar uma disputa interna pela liderança da bancada.

Um eventual racha na bancada do PMDB por causa do embate pela liderança traria turbulência às votações. O senador Raimundo Lira (PB) cobiça a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que ficará com o partido. Mas se perder a vaga para Marta Suplicy (SP), promete disputar a vaga de líder com Renan. Além disso, os senadores Eduardo Braga (AM) e Simone Tebet (MS) estão igualmente de olho no cargo. Outro destino possível de Renan seria a liderança do governo na Casa, hoje com o PSDB.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4182, 26/01/2017. Política, p. A8.