O Estado de São Paulo, n. 45042, 11/02/2017. Política, p. A6

Moraes diz que foi surpreendido com ‘sabatina’ em barco

 
Julia Lindner
Ricardo Brito

 

Indicado para a vaga do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro licenciado da Justiça, Alexandre de Moraes, disse que foi “surpreendido” com reunião no barco do senador Wilder Morais (PP-GO), em Brasília, na noite de terça. Segundo ele, o convite seria para um jantar em endereço residencial no Lago Sul. “Compareci e fui surpreendido que a reunião ocorreria em um barco atracado na residência”, afirmou em nota divulgada ontem.

Segundo Moraes, ele foi convidado pelo “bloco moderado” do Senado – formado pelo PR, PTB, PRB, PSC e PTC – para “expor os seus pontos de vista”. “Tivemos uma conversa séria e respeitosa, assim como venho fazendo em todas as reuniões com os demais senadores.” Mais de quatro horas depois, o ministro retificou a nota enviada à imprensa. Ele retirou do texto a expressão “bloco moderador” e os partidos anteriormente citados e manteve a informação de que se surpreendeu com o local da reunião.

O jantar foi realizado na chalana Champagne, casa flutuante de Wilder, conforme antecipou a Coluna do Estadão. Moraes foi acompanhado de Sandro Mabel, assessor especial do presidente Michel Temer.

Conforme parlamentares que participaram do encontro, ele foi questionado sobre acusações de envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e suas posições em relação a Operação Lava Jato, legalização de drogas e prisão em segunda instância. “Foi uma sabatina informal”, classificou um dos presentes.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado marcou reunião extraordinária para a próxima terça-feira, quando o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) deve fazer a leitura do relatório que trata da indicação de Moraes.

O presidente da comissão, Edison Lobão (PMDB-MA), informou ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), sua intenção de antecipar a sessão da CCJ para conduzir o processo. A expectativa é de que a sabatina na CCJ ocorra no dia 22.

Ministério. Michel Temer disse ao criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira que só vai escolher o novo ministro da Justiça após Moraes ser submetido à sabatina no Senado. Mariz é citado frequentemente para a vaga. / Colaborou Fausto Macedo