Velloso diz que dá resposta hoje ao presidente

Mateus Coutinho/ Leonardo Augusto/ Igor Giannasi

17/02/2017

 

 

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso afirmou na noite de ontem que só espera a resposta sobre o cancelamento de contrato com uma empresa internacional cliente de seu escritório de advocacia para aceitar o convite do presidente Michel Temer para assumir o Ministério da Justiça.

“Eu quero servir o meu país”, disse Velloso ao Estado.

Segundo Velloso, ele transmitiu a Temer, às 21h30 de ontem, que estava “tentando afastar questões pertinentes a contratos” que exigem a participação direta dele para dar a resposta definitiva ao presidente. A questão foi encaminhada para ser avaliada pelo setor de compliance da multinacional. De acordo com o ex-presidente do STF, o prazo limite combinado com Temer para a decisão é hoje.

Caso assuma o Ministério da Justiça, Velloso terá de deixar de atuar como advogado, seguindo o Estatuto da Advocacia.

 

Aécio. Velloso atua como advogado do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), em dois inquéritos que o tucano responde no STF. “Fui amigo de Tancredo Neves, avô de Aécio, e de Aécio Cunha, pai de Aécio.

E sou amigo de Aécio desde os seus 22 anos, quando o conheci, em Belo Horizonte. Sou seu advogado nesses dois casos, em razão dessa amizade”, afirmou Velloso ao Estado, mais cedo, por e-mail. Ele disse também que atua para o tucano “sem cobrar honorários advocatícios”.

“Há outros advogados com procuração nos autos.” As duas investigações contra Aécio têm origem na delação premiada do senador cassado Delcídio Amaral (ex-PT e ex-PSDB, atualmente sem partido), preso em novembro de 2015 acusado de tramar contra a Lava Jato.

O senador cassado acusou Aécio de atuar para maquiar dados do Banco Rural na CPI dos Correios (presidida por Delcídio) que poderiam atingir membros do PSDB e também de receber propinas em um esquema de corrupção em Furnas. O senador rechaça as suspeitas.

Os dois inquéritos estão sob relatoria do ministro Gilmar Mendes. Em dezembro, o tucano prestou depoimento à Polícia Federal no inquérito sobre a CPI dos Correios – na época, Aécio era governador de Minas.

No caso de Furnas, o tucano é investigado por suposto recebimento de propina de empresas terceirizadas que mantinham contrato com a estatal. Na terça- feira, o presidente Michel Temer se encontrou com Velloso e também com Aécio.

Velloso já foi filiado ao PSDB de Minas e chegou a ser anunciado como secretário extraordinário de Relações Institucionais para o segundo mandato do tucano no Estado. Ele foi também autor de parecer jurídico que dizia que o aeroporto construído pelo governo estadual em Cláudio (MG), em terras de um parente do senador, durante a gestão de Aécio, não feria a legislação. 

 

 

O Estado de São Paulo, n.45048, 17/02/2017. Política, p. A7.